30 março 2007

Um país em zig zag

Depois de 48 intermináveis Km's percorridos num sinuoso subterrâneo sob a condução de um dos mais experientes volantes da nossa história, eis que surge uma luz ao fundo do túnel com a promissora e tão desejada revolução dos cravos.
Esperava-se então, um percurso mais rectilínio e uma maior velocidade para recuperar o tempo perdido. Porém, o destino parecia estar traçado, permanecendo o país aos S's, conduzido sucessivamente por: Spínola, Sá Carneiro, Soares, Santana, Sampaio e Sócrates.
Apesar de estilos diferentes na condução dos destinos da Nação, nenhum conseguiu impor o ritmo desejável para nos posicionarmos no pelotão da frente da Europa . O país continua assim, em pleno zig-zag, tendo dificuldade de encontrar o rumo certo.
Para surpresa de muitos, Salazar foi recentemente escolhido num programa televisivo,como o maior português de todos os tempos. Não terá essa escolha a ver com uma certa desilusão pelas espectativas goradas e uma certa nostalgia por tantos S's, sem solução?
Duvido que essa escolha reflita o verdadeiro sentir da maioria dos portugueses, no entanto, não podemos questionar o descontentamento dos mesmos em relação à falta de perícia demonstrada pela actual classe política, o que faz, com que muitos recordem com alguma saudade essa figura mítica da nossa história.

27 março 2007

Do virtual ao real

Graças ao vertiginoso avanço tecnológico verificado nas últimas décadas, o homem é confrontado com transformações constantes no seu dia a dia, tendo por vezes dificuldade em acompanhar o ritmo do progresso. Vemos alteradas as nossas necessidades, os nossos hábitos e os nossos hobbies.
A Internet veio permitir-nos sair do isolamento e da solidão em que tantos de nós vivíamos, para irmos ao encontro do desconhecido, na busca de novos conhecimentos, novas informações e porque não, novas amizades. É fantástico podermos comunicar em tempo real para qualquer parte do mundo, fazendo intercâmbio de ficheiros, de mensagens e de novas experiências.
Passamos a viver numa imensa aldeia global, bem diferente daquelas que conhecemos, em que todos são primos e primas, mas, onde não existem barreiras nem distâncias. Aí cruzamos com pessoas de todas as latitudes e com os mais variados interesses e objectivos. É o mundo virtual que cada um constrói em função das suas simpatias e motivações. Conhecemos pessoas que no dia seguinte simplesmente ignoramos, enquanto outras passam a fazer parte das nossas vidas. Apesar de apenas amigos virtuais, confesso que muitos me conhecem melhor do que alguns com quem convivo diariamente.
É um mundo virtual que pode tornar-se bem real, se as pessoas forem iguais a si próprias, sinceras e transparentes.

14 março 2007

Ser Cego

Ser cego é ter horizontes,
Que são bastante diferentes,
Dos que têm outras gentes,
Que não passaram as pontes.

É fazer da noite o dia,
É viver num mundo à parte,
Talvez parecido com Marte,
Ou com a Lua luzidia.

É sentir muita indiferença,
Por quem passa ao nosso lado,
Longe de estar preparado,
P’ra lidar com a diferença

É sentir muitas barreiras,
Físicas e sociais,
Que embora, já fossem mais,
Ainda dão muitas canseiras.

É sentir na sua mente,
Grande força de vencer,
Para poder convencer,
Quem duvida ou quem desmente.

É ver o mundo diferente,
Certamente com mais calma,
Pois com os olhos da alma,
Tudo é mais transparente.

É não ligar à beleza,
Que brota do exterior,
Porque é no interior,
Que se revela a pureza.

O que existe de mais nobre,
Os olhos não podem ver,
Daí o cego não ser,
Uma pessoa mais pobre.

Mais rico de sentimentos,
Mais rico de emoções,
Que engrandecem corações,
E também os pensamentos.

08 março 2007

Mulher

Este ser bem feminino,
Sensível e delicado,
É por vezes o culpado
Dos amargos do destino.

De coração desmedido
Para amar e desprezar,
Capaz de se apaixonar,
Ou ficar empedernido.

Inconstante no amor,
Esbelta no seu sorriso,
Tanto é o Paraíso
Como é um mar de dor.

Horizonte de incertezas,
Maré de desilusões,
Causa de muitas paixões
De alegrias e tristezas.

É tempestade, é bonança,
É paixão, é dissabor,
É um mito de amor
Onde não falta esperança.

Carinhosa e sensual,
Cheia de boas maneiras,
Que às vezes são mais peneiras
Do que um simples ritual.

8 de Março, Dia Internacional da Mulher