27 junho 2009

Cego ou Invisual?

Embora estejamos perante dois sinónimos é um pouco diferente o impacto social de cada uma das palavras, dada a época e o conceito de cegueira a que os mesmos estão associados.
Durante vários séculos, a cegueira foi vista como uma incapacidade extremamente limitativa, que via no cego um pesado fardo para a sociedade e à qual estava associada a ignorância e a total invalidez. Hoje felizmente, graças a novos métodos e novas tecnologias, esta deficiência tornou-se muito menos limitativa dando aos seus portadores a possibilidade de exercer as mais variadas funções e tarefas. Este avanço, nem sempre acompanhado pela mentalidade de alguns, veio a justificar uma nova denominação para aqueles que não têm a faculdade de ver com os olhos.
Apesar de mal escolhido o termo invisual, para definir quem não vê, pois o significado do mesmo é, o que não é visto, este deixou de estar associado ao passado e à carga negativa associada à palavra cego.
Não é menos verdade que algumas pessoas põem em prática o verdadeiro significado etimológico da palavra invisual, na medida em que muitas vezes passam por eles como se tratassem de seres invisíveis.Seja como for, parece-me positiva uma nova denominação que melhor se identifique com os cegos dos nossos dias, muito mais autónomos, mais cultos e mais integrados no meio social.

10 junho 2009

Quem acredita na Europa?

Como já era previsível, os portugueses e a generalidade dos nossos parceiros europeus, mostraram-se bastante indiferentes em relação às recentes eleições europeias, verificando-se a maior abstenção de sempre em actos eleitorais realizados no nosso país.
Vários factores contribuíram para estes preocupantes resultados. A crescente falta de credibilidade da classe política, o distanciamento, cada vez maior entre eleitos e eleitores, afastando-nos das instituições que nos regem, a falta de um verdadeiro debate sobre a importância do Parlamento Europeu e o que se pretende da união europeia e quais as vantagens para os cidadãos, foram sem dúvida algumas das causas deste fracasso eleitoral.
Embora situados geograficamente no continente europeu, os portugueses continuam muito distantes do velho continente, não sentindo no geral, as vantagens dessa adesão continuando a pagar mais caros alguns dos bens essenciais e a usufruir dos mais baixos salários europeus.
Por outro lado, verificamos que esta campanha pouco se preocupou em esclarecer os portugueses para esta matéria, funcionando mais como um aquecimento para as legislativas.
Não poderão os políticos queixarem-se destes resultados, pois a responsabilidade é exclusivamente sua. Estamos fartos de falsas retóricas e carentes de mais acção política que nos possa tirar da cauda da Europa.