19 março 2010

Carta Aberta ao Senhor Primeiro Ministro

Senhor ” engenheiro”, preferia enviar-lhe uma carta fechada, mas como provavelmente não seria aberta, ou se o fosse seria de imediato arquivada, optei por a enviar aberta para lhe evitar trabalho, dado andar demasiado ocupado com o desgoverno deste país.
Não posso de forma alguma estar satisfeito com a sua acção governativa, apesar de ter tido a coragem de encetar reformas há muito necessárias e que ninguém tivera a coragem de iniciar. Admiro por isso a sua firmeza e determinação enfrentando praticamente todas as classes sociais. Será bom recordar que muito contribuiu para essa decisão, o facto de ter governado com maioria absoluta, um dos principais inimigos da democracia. Vivemos assim 4 anos de semi-ditadura em que o seu governo punha e dispunha sem ter em conta as posições dos restantes partidos parlamentares, também eles, representativos dos portugueses.
Iniciada nova legislatura com a reeleição de V.ª Ex.ª, não resultante dos méritos da sua governação, mas sim da falta de uma oposição forte e organizada, não eram previsíveis grandes alterações apesar de muitos eleitores já não se deixarem levar ao engano pelas suas aveludadas mentiras. Surgiram então as desculpas da crise internacional, que vieram ofuscar e atenuar as políticas despesistas do anterior governo. O país afundou-se assim numa crise económica há muito existente, atenuada artificialmente em épocas eleitorais. É exemplo disso o que se passou no ano de 2009, em que poucos sentiram a recessão e em que os funcionários públicos puderam beneficiar do maior aumento desde o século passado. Será isto governar com honestidade e competência?
Senhor “engenheiro”, lamento que sempre que se vê com as calças na mão, recorra sempre aos funcionários do Estado como únicos salva-vidas do país. Serão estes os responsáveis pelos péssimos investimentos que o governo faz? Serão eles responsáveis pelas nomeações em série de assessores, chefes de gabinete e directores gerais e pelo elevado despesismo verificado na administração central? Serão eles responsáveis pelos vencimentos e reformas exorbitantes da maioria dos administradores das empresas públicas e demais cargos de Estado? Porque terão de ser sempre os mais pobres a pagar a crise quando verificamos no nosso país um crescente número de fortunas?
Seria bom que V.ª Ex.ª fosse o primeiro a dar o exemplo do apertar do cinto a que todos os anos estamos habituados. Prometeu não subir impostos, mas seria bem melhor que o fizesse para as classes mais favorecidas. Porque não aumenta o IVA para produtos de luxo e bens considerados supérfluos? Porque não são tributadas as chorudas fortunas conseguidas na bolsa? Porque não existem benefícios fiscais para quem tem necessidade de recorrer a profissionais liberais, evitando assim que os mesmos fugissem ao fisco? Porque não se congelam apenas os aumentos dos vencimentos dos contribuintes com vencimentos superiores a mil euros, a exemplo do que já foi feito no passado?
Desculpe senhor Primeiro Ministro, mas não me parece pertencer a um partido que se intitula de socialista. Onde estão as medidas sociais para combater a pobreza e diminuir o fosso cada vez maior entre pobres e ricos?
Os portugueses sempre tiveram um complexo de superioridade vivendo normalmente acima das suas possibilidades e o senhor “engenheiro” não foge à regra, porém o país não pode ser desgovernado por quem não tem a noção da nossa pequenez e pretende transmitir uma ideia errada aos nossos parceiros. Conseguimos estar no topo em quase tudo que é negativo, mas no nível de vida, somos cada vez mais últimos.
Senhor Primeiro Ministro, faça um exame de consciência, se é que ainda a tem, e verifique qual é na realidade a sua vocação. Não engane mais os portugueses nem os faça suspirar por uma nova ditadura nem pela perda da nossa independência. Devolva a todos a esperança de melhores dias para o nosso país, principalmente para os mais desfavorecidos.

Dia do Pai

Festejamos S. José,
Apenas pai adoptivo,
Carpinteiro em Nazaré,
Merecia um dia festivo.

Dia dedicado aos pais,
É a única homenagem,
Penso que merecia mais,
Dada a sua vassalagem.

É um exemplo a seguir,
Por todo educador
Porque soube sempre agir,
Com humildade e amor.

Ser pai, missão muito nobre,
Muitas vezes esquecida,
Que torna muito mais pobre,
Todo o sentido da vida.

Lamento não possuir,
Apesar de já velhinho,
Quem me soube conduzir
Por este nobre caminho.

Foi um Pai exemplar
Que deixou ensinamentos,
Pois sabia educar,
Cultivando sentimentos.

Apesar de ter partido,
De uma forma inesperada,
Deixou muito construído,
Sem ter obra terminada.

Alicerces muito fortes
Contra os grandes vendavais
Foram as melhores sortes,
Que pude herdar de meus pais.

05 março 2010

8 de Março - Dia Internacional da Mulher

Habituei-me desde a criação deste espaço, a escrever todos os anos algo sobre a mulher neste dia internacional a si dedicado.
Apesar do tema ser bastante sugestivo e abrangente, sinto alguma dificuldade em fazê-lo dada a minha tendência em sintetizar o que penso.
Conhecida a minha opinião sobre o assunto por quantos visitam com frequência o meu blog, talvez me vá repetir um pouco neste breve apontamento de homenagem a quem nos deu a vida e sempre sabe dar aquele carinho e aquela ternura que só o sexo feminino sabe transmitir.
Misto de sentimentos, beleza e instabilidade, a mulher apresenta-se repleta de contrastes nas suas reacções, nos seus comportamentos e atitudes
Dotada de um sexto sentido e de uma sensibilidade extremamente apurada, em contraste com a virilidade e maior racionalismo do sexo oposto, esta desempenha um papel fundamental como mãe e esposa, sendo o esteio da família tradicional. Seria impensável uma sociedade sem a mulher, não só pelo seu privilégio de dar à luz, mas também pela sua sensualidade, ternura e beleza.
Que seria dos filhos sem o carinho e o espírito maternal? Que seria dos homens, sem o amor incondicional e sem a fada do lar, sempre atenta ao mais pequeno pormenor? Que seria dos idosos sem os cuidados e atenção que só ela sabe oferecer?
Teremos de reconhecer que apesar da sua instabilidade, a mulher tem qualidades ímpares que são sem dúvida uma mais valia para um melhor bem estar e melhor qualidade de vida, principalmente nos dias e gerações em que mais necessitamos de apoio.
Não poderia terminar este breve apontamento, sem homenagear ainda que de uma forma póstuma, aquela que me deu o ser e a quem devo muito do que sou e do que penso.
Quero também aproveitar este dia para, pela primeira vez, demonstrar publicamente todo o apreço e gratidão ao maravilhoso anjo que Deus pôs no meu caminho e que desinteressadamente está disposta a deixar tudo para abraçar um resto de vida onde transborda amor e carinho.
Oxalá todas as mulheres saibam desempenhar os seus deveres para que a família possa sobreviver às intempéries a que tem sido sujeita. Não sendo ela a única responsável pela crise nela instalada, pode com a sua sensibilidade e audácia contribuir para a estabilidade da mesma, transformando esta sociedade, em plena decadência, numa sociedade menos individualista e mais fraterna.