26 setembro 2010

Homenagear, porquê?

Tenho vindo a fazer algum esforço para compreender a razão de ser das comemorações do aniversário de Abel Botelho, todos os anos festejado no dia 23 de Setembro.
Embora tratando-se de um ilustre filho da terra, não consta ter sido um benemérito, nem ter contribuído de alguma forma para o seu desenvolvimento. Possuidor de um curriculum que de facto nos orgulha, Abel Botelho já foi sobejamente distinguido pelos seus conterrâneos ao atribuírem o seu nome a uma escola, a uma associação juvenil, a um parque de lazer e mais recentemente a uma artéria desta simpática vila. Além disso, trata-se de uma personalidade desconhecida da maioria dos portugueses, não nos permitindo sequer tirar alguns dividendos do seu nome para a projecção e divulgação de Tabuaço. Por outro lado, a coincidência do seu aniversário com o início do ano lectivo e a época das vindimas, faz com que as mesmas comemorações passem despercebidas à maioria da população.
Julgo ter sido oportuna a homenagem ocorrida no ano transacto, data em que se assinalavam os 150 anos do seu nascimento, mas totalmente despropositada e despesista nos moldes em que tem sido feita.
Parece-me no entanto, digno de realce um aspecto positivo nesta efeméride, que é a atribuição do prémio Abel Botelho, prémio esse que se destina a incentivar e premiar os melhores alunos ao longo do ano lectivo.
Necessitamos urgentemente de promover novos eventos, mas que sirvam para tirar este concelho do anonimato e o projectem numa região com imensas potencialidades turísticas que não podemos desperdiçar.


José Luís Lopes

Nota: Este texto foi escrito em Outubro de 2006 a fim de ser publicado no Jornal Notícias da Beira Douro, do qual fui colaborador durante vários anos.
Graças à mão pesada de censura do seu director Rui de Carvalho, o mesmo nunca foi publicado e muito menos dada uma explicação por esse facto.

Esta atitude inqualificável, levou-me a deixar de colaborar com o mesmo jornal e a criar este espaço totalmente livre de censura.