19 dezembro 2013

Mensagem de Natal

Vivemos mais uma quadra natalícia, sem dúvida, de grande significado para todos os cristãos.
Há mais de 2000 anos, Cristo nascia numa simples manjedoura para nos trazer a mensagem divina e vir a ser crucificado, dando a sua vida pela humanidade. Através deste gesto, deu-nos um exemplo de humildade, simplicidade e amor, quando o podia fazer em condições bastante favoráveis e exuberantes. Durante os 3 anos da sua vida pública ocupou-se exclusivamente a transmitir amor a quantos o rodeavam nas mais diversas formas, consoante as situações e os intervenientes com quem se cruzava. Foi assim nas bodas de Caná, no encontro com Zaqueu, com a samaritana, com Maria Madalena e na hora da agonia com o bom ladrão, entre outros. Manifestou o seu perdão perante os que ofendiam ou simplesmente o negavam, como aconteceu com Pedro, a quem confiou a chefia da sua Igreja.
 Porém, ao longo dos séculos, os homens têm vindo a criar normas e regras de acordo com as suas conveniências e interesses, adulterando e complicando a verdadeira mensagem de Cristo. Criaram-se mandamentos, sacramentos, pecados mortais, o céu e o inferno, condenou-se a atividade sexual com exceção apenas na procriação, enfim, quando Cristo apenas nos deixou o mandamento do Amor.
 “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei“.
Tudo seria bem diferente, se no nosso dia a dia tivéssemos presente o exemplo de Amor que Ele nos deixou, junto do nosso semelhante, na família, no trabalho, com o nosso vizinho e essencialmente com os mais desfavorecidos.
Infelizmente, o Natal já pouco mais representa do que uma promoção ao consumo e ao material, onde se vem perdendo o espírito de família, restando isoladas manifestações de solidariedade.
Façamos deste Natal, em que tantos lutam pela sobrevivência, uma festa mais solidária, ajudando aqueles que conhecemos e que não têm condições para ter uma noite de consoada condigna.
Termino com uma quadra, já com algumas décadas,, mas que reflete a verdadeira mensagem de Cristo.
 

“Ama se queres ser feliz,
Ama e tudo mudará,
Ama e assim encontrarás,

A alegria e a paz”.

10 dezembro 2013

O Natal da minha infância

Quando chegava o Natal,
Era eu bem pequenino,
Uma prenda especial,
Surgia no sapatinho.

Antes de amanhecer,
Lá ia pé ante pé,
Ver o que ia receber,
Bem juntinho à chaminé.

Pai Natal tinha chegado,
Após levantada a mesa,
Depois de me ter deitado,
Para chegar de surpresa.

 Bacalhau impunha a lei,
As filhós e as rabanadas,
Não faltando o bolo-rei,
Com suas frutas e favas.

A ceia mais imponente,
Que havia durante o ano,
Com a família presente,
Num convívio abençoado.

Com as coisas bem mudadas,
Tudo está muito diferente,
São famílias destroçadas,
Onde alguém está ausente.

Já em vias de reforma,
Pai Natal, já mal se vê,
Tudo é feito de outra forma,
Quase ninguém, já nele crê.

Era a festa da família,
Onde existia união,
Mas num mundo de quezília,
Perde-se a tradição.

Poucos ligam ao Divino,
Apenas ao material,
Se não fosse o Deus menino,

Não haveria Natal.

13 outubro 2013

Tabuaço e o futuro

Depois de quatro anos em que se procurou mostrar trabalho com a inauguração de obras de fachada, de construção duvidosa e que se deixaram encerradas outras concluídas pelo anterior executivo, surge uma nova era e uma nova esperança num concelho mais próspero e mais inclusivo.
A desertificação e o envelhecimento da população são consequências naturais do agravamento das condições de vida dos habitantes deste pequeno município, em que os mais jovens são obrigados a procurar outras paragens na busca de uma vida mais condigna.
Encravado numa encosta na margem esquerda do Douro, Tabuaço não é nada favorecido pela sua situação e pelas suas vias de comunicação, dado o declive em que se encontra. Porém, a sua integração na região demarcada do Douro e mais recentemente galardoado pela Unesco, com a honrosa distinção de património mundial da humanidade, dão-lhe um privilégio que não tem sido devidamente aproveitado e explorado.
Sem condições para a instalação de grandes indústrias que possam dar emprego aos seus habitantes, esta terra vive essencialmente da agricultura, onde predomina produção do vinho e do azeite, setor insuficiente para absorver toda a mão de obra existente.
 Com o Douro a seus pés, integrado numa região de paisagens únicas e onde se produz um dos melhores vinhos do mundo, Tabuaço dispõe de potencialidades turísticas que não têm sido aproveitadas e que poderão salvar um concelho cada vez mais desertificado e empobrecido.
Com características beirãs e durienses oferece-nos paisagens bem diferenciadas dado se localizar numa zona de transição entre as duas regiões.
Os seus recursos naturais, a sua gastronomia e a sua arte, expressa essencialmente nas suas igrejas e capelas e alguns solares brasonados, oferecem a quem a visita motivos de sobra para uma estadia ou um simples passeio extremamente agradáveis.
Há certamente muito a fazer para chamar até nós um mais elevado número de turistas. Será fundamental criar grandes eventos que divulguem o nome e as potencialidades deste concelho, desconhecido pela maioria dos portugueses, apenas divulgado em situações de infortúnio ou de acontecimentos que nada contribuem para a sua promoção.

Resta-nos a esperança de que o novo executivo tenha como uma das suas prioridades o turismo, único setor que poderá desenvolver e evitar a extinção futura deste município.

Utopia na equidade entre público e privado

Num país onde não para de aumentar o fosso entre pobres e ricos com ataques sucessivos à classe média, estando esta em vias de extinção, tem vindo o governo a insistir numa maior equidade entre o setor público e o setor privado. Deste modo, têm vindo a ser retiradas algumas regalias e feitos sucessivos cortes nos vencimentos aos servidores do Estado.
Esquece-se o governo de quem é habitualmente sacrificado em épocas de crise financeira com progressões e vencimentos congelados há vários anos, o que não acontece em grande parte no setor privado onde chegam a existir prémios de produtividade.
Recentemente foi promulgado o alargamento do horário de trabalho para as 40 horas para a função pública, medida que se vai traduzir apenas numa maior despesa para o erário público, enquanto muitas empresas privadas continuam a manter as 35 horas semanais.
Será deste modo que o governo quer motivar os seus funcionários reformando e modernizando a administração pública?
Que estímulo terão trabalhadores a ter mais horas de serviço e simultaneamente reduções no vencimento?
Que estímulo terão alguns servidores do Estado com cerca de 20 anos de serviço e a receberem pouco mais do que o salário mínimo?
Parece-me desastrosa a reforma que o governo está a fazer neste setor, onde nada vai melhorar face à pura perseguição àqueles que desempenham funções nos serviços do Estado.

Onde está afinal a equidade de que tanto se fala?

02 outubro 2013

Rescaldo Autárquico

Realizaram-se no passado dia 29 de Setembro mais umas eleições autárquicas. Como sempre, todos os partidos fizeram a sua análise aos resultados que cada força política conseguiu obter. Parece-me que essa análise deveria ser mais profunda, sendo dada prioridade ao resultado da abstenção e aos votos nulos e brancos, sem dúvida os grandes vencedores deste e dos últimos atos eleitorais. Esta realidade é por demais evidente do descontentamento dos portugueses com os partidos e em especial com a classe política. A nossa democracia dá sinais de doença grave, que a não ser tratada, poderá levá-la ao seu desfalecimento após um difícil parto há cerca de 40 anos.
Como podemos observar durante a campanha, os nossos políticos adulteraram estas eleições transformando-as numa 1ª volta das legislativas. Nos grandes centros, sem dúvida onde se decide a composição do parlamento e do governo, os líderes  partidários limitaram-se apenas a defender ou a criticar a política da atual equipa governamental, em vez de realçarem as virtudes dos seus candidatos e respetivos programas.  Muitos eleitores não votaram nos candidatos mais credíveis, mas sim nos partidos da oposição no sentido de demonstrarem o seu descontentamento em relação à austeridade imposta pela  equipa governativa.
Nos concelhos de menor dimensão, os cidadãos cingiram-se na sua maioria, às pessoas que se propuseram representá-los. Porém, nem sempre em plena liberdade, sendo em muitos casos ameaçados ou enganados com falsas promessas, pelos candidatos que se recandidatavam. Perante tudo isto, os resultados obtidos, nem sempre espelham o voto no candidato mais capaz, mas sim um cartão amarelo ao principal partido do governo.
Felizmente, não foi o caso verificado no meu concelho, onde a coligação governamental retirou a autarquia ao maior partido da oposição, o que é extremamente significativo.
Assim, sem surpresas, o PSD foi o grande derrotado em desfavor do partido socialista e da CDU, não só pelo descontentamento dos eleitores em relação ao sufocante apertar do cinto por parte do  governo, como pela má escolha de alguns candidatos que em algumas Câmaras tiveram outros sociais democratas como seus adversários.
É urgente os nossos políticos alterarem a forma de fazer política, apreendendo a distinguir e a respeitar o objetivo de cada eleição e a saberem fazer uma crítica construtiva, apresentando sempre alternativas e terem a humildade de aplaudir as medidas acertadas dos seus opositores. Só assim poderão readquirir alguma credibilidade e salvar a nossa democracia. 

26 setembro 2013

Um "ídolo" desconhecido

Mais uma vez assistimos à homenagem de um “ídolo” desconhecido, natural da humilde vila de Tabuaço, onde viveu apenas durante a sua infância, fixando-se depois na capital, onde fez os seus estudos, vindo a viver os últimos anos da sua vida na Argentina, onde veio a falecer em 1917.
Distinguiu-se na literatura com a publicação de algumas obras, seguiu a carreira militar, terminando a sua vida como embaixador em Buenos Aires.
Homenageado pelos tabuacenses com o seu nome no agrupamento de escolas, um parque, uma rua, uma associação juvenil e mais recentemente um museu, Abel Botelho já teria sobejos motivos de orgulho perante uma terra que apenas o viu nascer. Porém, os autarcas desta localidade, entenderam há uns anos a esta parte que ainda estavam em dívida com o seu desconhecido conterrâneo, decidindo então prestar uma homenagem todos os anos no dia 23 de Setembro, dia do seu aniversário.
Assim, após a sessão solene de abertura normalmente com a execução do hino nacional pela banda do concelho e da entrega do prémio Abel Botelho, que distingue os melhores alunos dos vários ciclos de ensino, segue-se a parte recreativo cultural com um vasto programa, mesmo com enorme endividamento da autarquia.
Este ano, surpreendeu-me a vinda de uma banda filarmónica de Anadia quando habitualmente atua a banda de Sendim pertencente a este concelho. Surpreendeu-me também a escolha da orquestra sinfónica do Porto para atuar no recreio da escola sem quaisquer condições para o fazer, face ao excessivo barulho na área envolvente por parte dos alunos, totalmente alheios a este evento.
Que dividendos tirará Tabuaço desta festa que nem sequer tem a participação da sua população e que apenas se traduz em menos um dia de aulas para os alunos e de mais um encargo financeiro para a autarquia?

Não haverá neste concelho personalidades que mais contribuíram para o progresso e projeção desta terra?

24 agosto 2013

A "profissão" de ser cego!

Não sendo considerada, como é óbvio, uma profissão, a cegueira, para quem a quer viver plenamente integrado socialmente, constitui um dos mais difíceis ofícios dada a complexidade de que se reveste. Não sendo remunerada, pelo menos de uma forma sustentável, exige a acumulação com uma atividade que permita ao cidadão uma vida digna, com acesso pelo menos às necessidades básicas do ser humano.
Dotada de algumas limitações, maiores ou menores consoante a reabilitação e/ou a aprendizagem que usufruiu, a pessoas cega parte para este desafio numa posição altamente desvantajosa em relação aos restantes candidatos. Obrigado a superar-se a si próprio, nas mais variadas valências, raramente é reconhecido pelas suas capacidades, sendo normalmente visto como incapaz de desempenhar cabalmente a sua profissão, não lhes sendo dadas muitas vezes, oportunidades de as demonstrar. As suas dificuldades começam logo ao acordar, impossibilitado de ao abrir a janela do seu quarto poder contemplar as maravilhas do romper da aurora com o esplendor do raiar do astro rei e de toda a beleza que a natureza nos oferece diariamente, com alternância de cenários mediante a estação do ano em que nos encontramos. Depois de cumpridas as tarefas respeitantes à sua higiene pessoal, normalmente facilitadas pela rotina de que se revestem, surge novo desafio, mais ou menos dificultado em função da residência e do local de trabalho, com o desbravar do reboliço das nossas vilas e cidades, onde raramente se pensa naqueles que dispõem de algumas dificuldades de mobilidade. O acesso aos transportes públicos, o atravessar de vias bastante movimentadas e essencialmente a frequente surpresa de obstáculos nas mais diversas artérias, traduzem-se num risco e esforço de concentração redobrados para quem necessita de chegar a horas ao seu emprego.
Cumprida a 1ª fase deste ingrato ofício, que será complementado no final do dia, com o regresso a casa, o cego vai ocupar-se da sua real profissão, sempre com o peso nos seus ombros, de não desiludir os seus chefes e se possível, surpreendê-los favoravelmente.
Não raras vezes, são vítimas de descriminações e comentários sobre o seu infortúnio, tendo de estar preparados para a insensibilidade e falta de cultura de uma ainda grande franja da população portuguesa que ainda os vê como seres diferentes e inferiores, dada a deficiência que possuem.
Limitados também na suas atividades de lazer, são as barreiras sociais, sem dúvida  as mais difíceis de ultrapassar, pois dependem essencialmente da mentalidade dos cidadãos em relação à problemática da cegueira, embora os cegos tenham um papel importante neste domínio, demonstrando as suas reais capacidades.   
Esta “profissão” apesar do seu elevado risco e de um inqualificável número de obstáculos refletidos no dia a dia, nem por isso tem direito a reformas antecipadas, sendo escassos os benefícios a que têm direito, face à situação ingrata e desvantajosa em relação aos demais e às dificuldades que têm de enfrentar a cada momento.

São as desvantagens e consequências de fazer parte de uma minoria sem poder reivindicativo e sem qualquer estatuto, esquecida como tantas outras, por aqueles que felizmente nunca tiveram de exercer tal “profissão”.

Solidão

Solidão é andar sozinho
No meio da multidão,
E não saber a razão
Porque não tem um carinho.

É sentir tudo distante,
Sem conseguir alcançar
Alguém que se possa amar
De uma forma apaixonante.

É pensar não ter ninguém,
Que possa estar a seu lado
P’ra morrer mais amparado,
Na ausência de sua mãe.

É viver desiludido
Com as mágoas do passado,
Que nos deixam isolado
E muito mais deprimido.

É não sentir amizades
P’ra poder desabafar,
 E Quem nos possa ajudar
Nas nossas necessidades.

É viver no alto mar,
Com o céu no firmamento,
Tendo só no pensamento
O medo de naufragar.

É viver numa prisão
Sem muros nem cadeados,
Onde estamos amarrados
Sem ver a libertação.

É sentir-se desprezado
Por colegas e amigos
Que já estão esquecidos
Das memórias do passado.

É sentir-se preterido,
Por mais algumas paixões,
Que são sempre as opções,
E nos deixam esquecido.

Para aquele que seja crente,
A solidão é ilusória,
Porque terá na memória,

 Deus estar sempre presente.

21 agosto 2013

Mais um pontapé de saída...

No passado fim de semana, deu-se o pontapé de saída de mais um campeonato nacional de futebol das equipas mais representativas do nosso desporto rei. É o fervilhar de emoções, fruto da incerteza dos resultados, em que nem sempre ganha o mais forte, o que faz deste desporto o mais atrativo e competitivo, não só no nosso país, bem como na maioria dos países do mundo.
Este fenómeno desportivo, cada vez mais industrializado, que arrasta atrás de si exorbitantes quantias e verdadeiras multidões, é sem dúvida uma das maiores paixões dos portugueses, que adeptos fervorosos dos seus clubes, esperam ansiosamente pelos resultados das suas equipas e respetivos adversários, numa luta semanal, na busca de alcançarem o maior número de pontos.
Numa prova pouco competitiva, dada a vertiginosa diferença de orçamentos e consequentemente de infraestruturas desportivas, o nosso campeonato divide-se em 3 escalões: os dois eternos candidatos ao título, um pequeno grupo que procura chegar à Europa e o grande grosso do pelotão que luta pela permanência.
Invadido por jogadores das mais variadas nacionalidades, face à incapacidade económica em segurar as nossas melhores vedetas, o que nos obriga a transferências para os clubes mais poderosos, procuramos assim tirar dividendos para suavizar os nossos elevados défices.
Parece-me contudo, pouco se apostar nos nossos jovens, muitos deles com provas dadas nos escalões inferiores, por vezes aproveitados por equipas estrangeiras outras vezes, desaparecendo simplesmente da alta-roda do futebol português.
Apesar de ter vindo a ser cada vez mais desvirtualizado este desporto, com vencimentos que são verdadeiros atentados à pobreza e particularmente à situação económica que se vive no nosso país e em vários países europeus, o futebol português desfruta mesmo assim, de duas grandes virtudes: ser um dos principais embaixadores de Portugal no mundo, através da classe indiscutível de alguns dos seus técnicos e jogadores, bem como se afirmar como uma das principais distrações e escapes dos seus aficionados num cenário bastante sombrio em que somos diariamente invadidos nas nossas casas, por notícias pouco animadoras, por vezes, mesmo carregadas de algum dramatismo.

 Por isso: Viva o futebol português!       

13 agosto 2013

Funcionários de escolas, os primeiros sacrificados!

É indiscutível que, face a inúmeros erros de anteriores governos, o país dispõe atualmente de um número exagerado de funcionários públicos. Com a nação a viver uma das maiores crises económicas e financeiras, será inevitável reduzir e racionar o contingente dos servidores do Estado.
O avanço da tecnologia, a baixa de natalidade, bem como o encerramento de alguns serviços, teria obrigatoriamente de se traduzir numa redução de efetivos.
Mas será apenas nas escolas que existe pessoal em excesso? Não estarão as autarquias bem como outros serviços de outros ministérios em situações mais flagrantes e com trabalhadores muito mais bem pagos do que aqueles que pouco mais recebem do que o salário mínimo?
Não teremos também deputados, vereadores, chefes de gabinete e outras chefias a mais, onde a redução dos mesmos se traduziria numa poupança muito maior, com efeitos bem mais significativos no orçamento geral do estado?
Não estará o governo a cortar as unhas demasiado rentes, colocando em causa a qualidade do ensino público, com o aumento de alunos por turma e menos meios humanos para vigilância dos nossos filhos? 
 Quer queiramos ou não, os mais pequenos continuam a ser os primeiros a ser sacrificados.

Ficaremos a aguardar que esta política de contenção não fique por aqui sendo também abrangente à classe política e às nossas autarquias, onde continuam a prevalecer o clientelismo e a sedução ao voto. 

19 julho 2013

A ingenuidade de um Presidente

Depois de conhecidas as dificuldades de entendimento entre os dois partidos que formaram o governo, o que originou uma profunda crise política, Cavaco Silva surpreendeu tudo e todos ao pedir um entendimento a três. Todos conhecemos a posição do partido socialista, autor de uma moção de censura ao atual governo e apoiante de todas as outras apresentadas pelos restantes partidos da oposição e reivindicador de eleições antecipadas.
Conseguido o entendimento entre Portas e Coelho, não me parece ter sido boa opção, deixar o país suspenso por um período indeterminado e com as consequências inevitáveis, de um improvável acordo, que mesmo que venha a ser conseguido não terá qualquer consistência dado um dos aliados, ser o maior inimigo do governo em funções.
Não terá sido com grande convicção que o presidente da república apresentou esta solução, pois já a está a dar como fracassada, ao anunciar eleições antecipadas para 2014.
Cavaco preferiu castigar os partidos da direita e entalar o PS, dando pontos aos partidos da esquerda os únicos beneficiados com a situação atual.
Portas, não querendo seguir os “passos” de Coelho, apresentou demissão irrevogável que viria a retirar em troca de mais protagonismo. Coelho terá aceite para segurar a coligação e evitar o agravamento da situação política. Cavaco não terá visto com bons olhos este novo cenário, obrigando os líderes dos partidos da coligação a desfazerem o acordo alcançado e a pôr à prova o nacionalismo do partido socialista.
Seguro é cada vez mais pressionado pelos históricos do PS para não assinar qualquer acordo, estando mais inseguro na posição a tomar, pois essa opção poderá ser vista por algum eleitorado como defensora dos interesses partidários em desfavor dos reais interesses da Nação.

A situação económica do país é demasiado grave para a nossa classe política se dar ao luxo de colocar em primeiro lugar os interesses pessoais e partidários ou de fazer possíveis ajustes de contas com o passado.

09 julho 2013

Vergonha de ser português...!

Depois de uma revolução
Que nos deu a liberdade,
Acabou-se a repressão,
Chegou a austeridade.

Aumentou o desemprego,
Também a dívida externa,
Começou o desespero
Pela crise ser eterna!...

Apesar dos sacrifícios,
Que há muito são pedidos,
Não se vêm benefícios,
Temos dias mais sofridos.

Temos tido governantes
Que desprezam a Nação,
E em períodos importantes
Apresentam demissão.

Deixam de ser responsáveis
Por interesses pessoais,
Demissões irrevogáveis,
Que deixam de ser reais.

Querem mais protagonismo,
Lutam só pelo poder,
Mesmo à beira do abismo,
Fazem o país sofrer.

Quando for para votar
Que ninguém se abstenha,
Pois temos de castigar
Quem abusa desta manha.

Quem está na oposição
Que seja mais comedido,
Esperem pela eleição,
Pra promover o partido.

Deixem lutas partidárias,
E guerrilhas pessoais
Pois são coisas secundárias,

O país vale bem mais.

17 junho 2013

Os novos treinadores de bancada

Já, mais que uma vez, escrevi abordando algumas semelhanças entre o desporto rei e a política. Hoje vou debruçar-me essencialmente sobre os treinadores de bancada há muito existentes no nosso futebol, mas que agora começam a proliferar nos meandros da política, muitos deles com lugar cativo na nossa comunicação social.
Todos temos as nossas opiniões e todo o direito de as expressarmos, dado vivermos num Estado democrático. Sempre existiram jornalistas especializados em fazer a sua análise, nos mais variados domínios, sendo essa a sua função quer na imprensa, quer nos órgãos áudio visuais.
Talvez devido à guerra de audiências, mais notória nos canais televisivos, estes, têm procedido à contratações de nomes sonantes da vida partidária, que nem sempre me têm parecido boas apostas. A justificar esta minha opinião, fala o seu passado, com conhecidos fracassos nos partidos por onde passaram, ou ainda militam.
O caso mais flagrante foi sem dúvida a aquisição, pelo canal público, do principal timoneiro da última equipa governamental que nos conduziu a um lugar de despromoção, só evitada graças à assinatura do memorando com a troika.
Assim, assistimos normalmente a análises nada isentas e sistematicamente de crítica a quem conseguiu alcançar, com mérito ou não, o lugar de destaque que a maioria dos novos comentadores gostaria de ter atingido. É significativo, a maioria deles vestirem a mesma camisola do atual chefe do governo e outro ser candidato vencido no último ato eleitoral.
É lamentável que tantos treinadores de bancada, que pouco ou nada fizeram no passado, venham agora opinar sobre a governação do nosso país, como fossem catedráticos nesse domínio.

Muito mal vai a nossa classe política e a prová-lo, está a crise profunda em que estamos mergulhados, sendo a maioria deles os grandes responsáveis por tal situação. 

31 maio 2013

Uma vida a dois

Juntos numa relação,
Do mesmo sexo, ou não,
Tudo é muito diferente.
Do que viver-se sozinho,
Sem possuir um carinho,
Que nos faz ficar contente.

Mas para haver felicidade,
Seja qual for a idade,
Deve existir sintonia.
Para a chama do amor,
Não se transformar em dor,
Ou em simples apatia.

Não é menos importante,
Que se seja tolerante,
E muito compreensivo.
Temos de confiar,
Não bastando só amar,
Num ciúme doentio.

Deixamos os nossos pais,
Quem nos adorava mais,
Para vidas bem diferentes.
De alegria e tristeza,
Partilhadas sobre a mesa,
 Ora tristes, ora contentes.

Quando existem descendentes,
Não podemos ser diferentes,
Tem de haver a mesma entrega.
Serão os nossos amores,
As mais bonitas flores,
Isso ninguém o renega.

Temos de ter opções,
Que obrigam os corações,
A tomar a decisão.
Ou com os filhos viver,
Ou então permanecer,
Junto da sua paixão.

Quem assim, não o fizer,
É porque algum deles não quer,
Uma vida a tempo inteiro.
Preferem se repartir,
Vendo por vezes fugir,
O seu amor verdadeiro.

14 maio 2013

Douro - um diamante por lapidar


Nascido no país vizinho,
Atravessa Portugal,
Transformando o seu caminho,
Em paisagem sem igual.

É na zona vinhateira,
Que se mostra mais vaidoso
E de forma sobranceira,
Manifesta grande gozo.

Não consegue adormecer,
Porque os barcos de recreio,
A subir e a descer,
Perturbam o seu passeio.

Numa das suas margens,
Tem sempre por companhia,
Inúmeras carruagens,
Quebrando a melancolia.

O vinho mais consagrado,
Produz-se na região,
Por todos apreciado,
É também uma atração.

Por muitos já visitado,
É bastante conhecido,
Mas falta ser lapidado,
Pra ser mais enriquecido.

De beleza incomparável,
Nos socalcos vinhateiros,
É um passeio agradável,
Para todos forasteiros.

Ao deixar esta paisagem,
Quase prestes a chegar,
Termina sua viagem,
Com um forte abraço ao mar.

Saudoso de todos nós,
Pelos dias que cá passou,
Vai desaguar à foz,
Onde o seu nome mudou.

04 maio 2013

Mãe!


Como poder descrever,
O mais importante Ser,
Que nos deu a existência!
A Flor mais encantada,
Também a mais perfumada,
A mais sublime essência

A mais bela poesia,
Verdadeira sinfonia,
Que nos deixa extasiado.
Supera toda a beleza,
É a mais nobre princesa,
Que existe neste reinado.

Fonte de imensa ternura,
Expressa numa doçura,
Impossível de encontrar.
Esvazia o coração,
Sem esperar gratidão,
É, sua forma de amar.

Mesmo depois de partir,
Nunca deixa de existir,
Continua bem presente.
Deixa-nos sua memória
Cada uma, a sua história,
Uma saudade pra sempre.

Quero também recordar,
Quem já não posso beijar,
E que me deu tanto amor.
Com imensa gratidão,
Estás no meu coração,
Rezo por ti, ao Senhor.

Crente na eternidade,
Onde mora a felicidade,
Espero te encontrar.
É o último juízo,
Que nos leva ao paraíso,
Onde vamos habitar.

Neste dia tão festivo,
Deixo um simples donativo,
Uma singela flor.
É um gesto de carinho,
Não mais do que um miminho,
Demonstrando o meu amor.

27 abril 2013

A política vista do 3º anel!


Com características e objetivos bem diferenciados, a política e o futebol têm muitas semelhanças e aspetos comuns. Penso mesmo, que em determinadas circunstâncias, chegam a inverter os papéis. É frequente vermos o futebol politizado e a atividade política ser encarada como um desporto. Na política, o jogo disputa-se no hemiciclo no confronto direto entre governo e oposição, não faltando os sistemas táticos, as escaramuças, ora mais ofensivos ou mais defensivos, consoante o decorrer dos debates.
Tal como acontece no futebol português, também na política partidária, apenas 2 partidos lutam pelo 1º lugar, num campeonato pouco competitivo, onde a maioria joga para a permanência, ou para um lugar na Europa. Também não faltam as claques, por vezes mais numerosas e bem organizadas, onde se ouvem apupos, aplausos e até cânticos.
A equipa de arbitragem é mais um elemento comum, muitas vezes influente nos resultados, nem sempre imparcial nas suas decisões.
Recentemente a equipa governamental foi apanhada num fora de jogo duvidoso, que obrigou o árbitro a consultar os seus auxiliares, tendo estes confirmado a existência de irregularidade no lance. A jogar com menos um jogador e admoestada com alguns amarelos, a equipa da casa ficou mais fragilizada tendo mais dificuldade em virar o resultado, também muito graças ao anti jogo praticado pelo adversário.
Permanecendo o empate, seremos obrigados a ir para prolongamento e eventualmente decidir o jogo através de grandes penalidades. E a verificar-se esta possibilidade, será inevitável um maior desgaste físico que nos irá prejudicar nas competições europeias.
Enquanto a equipa da casa está mais vocacionada nos milhões que a Europa lhe poderá proporcionar, a oposição está mais interessada no prolongamento e nos penaltis, pois sabe que pode tirar partido do desgaste do adversário, e assim conseguir o 1º lugar tão desejado.
É frequente no futebol, alguns colocarem os interesses dos clubes acima dos da seleção, acontecendo o mesmo na política. Por tais razões, é sempre com extrema dificuldade que conseguimos o nosso apuramento e os nossos objetivos, obrigados a recorrer sempre à calculadora e esperar por uma ajuda dos adversários. Também aqui, a política não se afasta do desporto rei, com o nosso país em risco de não conseguir os pontos necessários para a nossa permanência na Europa.
Não serão estas crises motivadas por uma crise de dirigentes e de falta de uma política de afirmação do nosso país e de um maior aproveitamento e rentabilidade dos nossos recursos?
Com um passado épico voltado para os oceanos, os nossos políticos manifestam grandes dificuldades de afirmação na europa. Somos apenas uma simples varanda para o saudoso atlântico, de costas voltadas para o velho continente.