26 setembro 2013

Um "ídolo" desconhecido

Mais uma vez assistimos à homenagem de um “ídolo” desconhecido, natural da humilde vila de Tabuaço, onde viveu apenas durante a sua infância, fixando-se depois na capital, onde fez os seus estudos, vindo a viver os últimos anos da sua vida na Argentina, onde veio a falecer em 1917.
Distinguiu-se na literatura com a publicação de algumas obras, seguiu a carreira militar, terminando a sua vida como embaixador em Buenos Aires.
Homenageado pelos tabuacenses com o seu nome no agrupamento de escolas, um parque, uma rua, uma associação juvenil e mais recentemente um museu, Abel Botelho já teria sobejos motivos de orgulho perante uma terra que apenas o viu nascer. Porém, os autarcas desta localidade, entenderam há uns anos a esta parte que ainda estavam em dívida com o seu desconhecido conterrâneo, decidindo então prestar uma homenagem todos os anos no dia 23 de Setembro, dia do seu aniversário.
Assim, após a sessão solene de abertura normalmente com a execução do hino nacional pela banda do concelho e da entrega do prémio Abel Botelho, que distingue os melhores alunos dos vários ciclos de ensino, segue-se a parte recreativo cultural com um vasto programa, mesmo com enorme endividamento da autarquia.
Este ano, surpreendeu-me a vinda de uma banda filarmónica de Anadia quando habitualmente atua a banda de Sendim pertencente a este concelho. Surpreendeu-me também a escolha da orquestra sinfónica do Porto para atuar no recreio da escola sem quaisquer condições para o fazer, face ao excessivo barulho na área envolvente por parte dos alunos, totalmente alheios a este evento.
Que dividendos tirará Tabuaço desta festa que nem sequer tem a participação da sua população e que apenas se traduz em menos um dia de aulas para os alunos e de mais um encargo financeiro para a autarquia?

Não haverá neste concelho personalidades que mais contribuíram para o progresso e projeção desta terra?