28 abril 2014

Que Portugal teremos no século XXII?

Não pretendendo ser demasiado pessimista, vejo com alguma preocupação o futuro do nosso país nos mais variados domínios.
No aspeto demográfico temos vindo a assistir não só a um decréscimo de população como também à emigração maciça de jovens qualificados e a uma acentuada baixa da taxa de natalidade, o que nos coloca no topo dos países mais envelhecidos da Europa. Esta realidade com tendência a ser agravada nos próximos tempos irá ter graves reflexos numa economia, já por si demasiado fragilizada, onde assistimos anualmente a um fosso cada vez maior entre pobres e ricos, agravando assim as desigualdades sociais.
Em matéria de educação, sem dúvida um dos principais pilares de uma sociedade, temos vindo a assistir a uma crescente irresponsabilidade dos pais, a um aumento da violência e casos problemáticos nas escolas, face à falta de autoridade das mesmas, nomeadamente dos professores e pessoal auxiliar.
A classe política, totalmente desacreditada, põe em causa o regime democrático, a justiça e a própria saúde dos portugueses, mais distantes dos serviços sociais e dos cuidados médicos.
As medidas incrementadas pelos anteriores executivos, levam a uma progressiva desertificação do interior habitado quase exclusivamente por idosos, cada vez mais abandonados e desprezados.
As alterações climáticas e o aumento do nível das águas dos oceanos, vão  afetar inevitavelmente os mais de 800 Km de costa encurtando a já reduzida área do território nacional.
Face a tudo isto, que país e habitantes nos restam para ocupar este retângulo de terra queimada, isto para não falarmos da maior probabilidade de sermos atingidos por catástrofes naturais, tais como terramotos furacões e outras intempéries.
 Que medidas tomaram os nossos governantes nos últimos 40 anos, para combater este estado de coisas?
Temos assistido simplesmente a uma guerrilha pelo poder em que são postos em primeiro lugar os interesses pessoais e partidários em desfavor dos interesses da Nação, comprometendo seriamente o futuro das próximas gerações.
Depois dos nossos antepassados terem conquistado um verdadeiro império, assistimos agora ao desfalecimento do nosso território que tanto custou conquistar aos mouros e mais tarde, reconquistar aos nossos vizinhos espanhóis.
Quem sabe, se não teria sido preferível não haver a revolução de 1640, e talvez hoje a Península Ibérica pudesse ser uma grande potência europeia!...

14 abril 2014

Um pequeno desabafo

Que vida é esta,
Que ainda me resta,
Para viver neste mundo!
Mais uns anos a penar,
Até depois descansar,
Num lindo sono profundo.

Uma vida sem sentido,
Num dia a dia sofrido,
No meio da solidão.
Um nevoeiro constante,
Sem nada de apaixonante,
Que me encha o coração.

Sem família e sem amigos,
Que me desviem dos perigos,
E me façam companhia,
Levarei a minha cruz,
Sem uma réstia de luz,
Quer de noite, quer de dia.

Resta apenas a esperança,
De alcançar a bonança,
Ao chegar à eternidade.
Será tudo bem diferente,
Pois terei sempre presente,

A plena felicidade.

09 abril 2014

Um cravo a murchar

A celebrarmos em breve 4 décadas da denominada “revolução dos cravos”, em que nasceu a esperança de vivermos em democracia, afastando assim a ditadura fascista que tantas vidas nos ceifou na guerra colonial e a tantos maus tratos sacrificou aqueles que discordavam do regime, sentimo-nos severamente frustrados e desiludidos pela forma como foi feito este   trajeto e a situação calamitosa a que nos conduziu.
Vários governos se sucederam, nenhum isento de culpas e com as oposições empenhadas em destruir na luta permanente pelo poder.
 Esbanjaram-se apoios e subsídios para modernizar a nossa agricultura e a nossa indústria.
Desperdiçaram-se recursos e apostou-se em projetos megalómanos, alguns que felizmente não passaram do papel, mas que se traduziram num prejuízo de centenas de milhões de euros.
A Nação passou a viver acima das suas possibilidades, desde o cidadão comum até ao próprio Estado.
Aderimos à moeda única, o que nos deixou dependente financeiramente do BCE impedidos assim de recorrer à desvalorização da nossa moeda.
Aumentou-se o fosso entre pobres e ricos, enquanto se foi destruindo a classe média.
Os políticos aumentaram o seu descrédito face ao aumento da corrupção e às promessas não cumpridas pelos seus líderes, refletindo-se no aumento da abstenção, sem dúvida a grande vencedora dos últimos atos eleitorais.
Vivemos assim, uma democracia imatura apesar dos seus quarenta anos de existência, bem como uma situação económica financeira de que não há memória.
Face a tudo isto, que festejar no seu aniversário quando os portugueses já nem sequer têm folgo para soprar às velas e nem sequer vai haver bolo para repartir uma migalha por cada um?
Não sendo saudosista, nem adepto do anterior regime, penso pouco ou nada existir relativamente ao espírito de abril, pelo que talvez seja de refletir sobre a permanência do feriado do próximo dia 25.

Resta um ramo de cravos murchos que traduzem o sentimento atual de um povo que deu novos mundos ao mundo, que venceu Aljubarrota e que implantou a democracia, mas que não soube cuidar dela.