Se é verdade que é através da visão que temos a faculdade de percepcionar os objectos e tudo que nos rodeia, não é menos verdade que pudemos ter alguma percepção dos mesmos através dos restantes sentidos. Isto equivale a dizer que não vemos apenas com os olhos como aliás pensa a generalidade das pessoas. Os cegos, privados desse importante sentido, são obrigados a desenvolver os restantes de modo a tirar o maior partido deles. Deste modo, conseguem “ver” o que muitas vezes escapa aos normovisuais.
Assim, através da fala, dos passos, ou até mesmo pelo perfume, eles vêem quem se aproxima. Pelo tacto conseguem identificar e distinguir os objectos. Conseguem distinguir as suas peças de vestuário embora não saibam a sua cor.
Costumo dizer em ar de graça, que os cegos vêem mais do que as outras pessoas, na medida em que conseguem ver tanto de dia como de noite, enquanto os normovisuais ficam totalmente perdidos e desorientados quando não têm luz.
Para aqueles que ao longo da vida perderam a faculdade de ver, mas que já tiveram um contacto directo com o ambiente que nos rodeia, é mais fácil percepcionar as coisas, dada a sua memória visual que lhe permite visualizar com mais rigor o que lhes é mostrado ou descrito.
Para os cegos congénitos, as coisas são um pouco diferentes, pois as imagens que visualizam são as que foram criando ao longo dos anos através do contacto com os objectos e da descrição que lhes tenha sido feita pelas pessoas que vêem.
Para além desta visão, poderíamos falar de outra, que tem a ver com a maior facilidade que normalmente os cegos têm em conhecer alguns aspectos da personalidade dos seus interlocutores, na medida em que a sua atenção não se perde na observação das suas fisionomias, mas concentra-se exclusivamente no diálogo que trava com os outros.
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