A celebrarmos em breve 4 décadas
da denominada “revolução dos cravos”, em que nasceu a esperança de vivermos em
democracia, afastando assim a ditadura fascista que tantas vidas nos ceifou na
guerra colonial e a tantos maus tratos sacrificou aqueles que discordavam do
regime, sentimo-nos severamente frustrados e desiludidos pela forma como foi
feito este trajeto e a situação calamitosa
a que nos conduziu.
Vários governos se sucederam,
nenhum isento de culpas e com as oposições empenhadas em destruir na luta
permanente pelo poder.
Esbanjaram-se apoios e subsídios para
modernizar a nossa agricultura e a nossa indústria.
Desperdiçaram-se recursos e
apostou-se em projetos megalómanos, alguns que felizmente não passaram do
papel, mas que se traduziram num prejuízo de centenas de milhões de euros.
A Nação passou a viver acima das
suas possibilidades, desde o cidadão comum até ao próprio Estado.
Aderimos à moeda única, o que nos
deixou dependente financeiramente do BCE impedidos assim de recorrer à
desvalorização da nossa moeda.
Aumentou-se o fosso entre pobres
e ricos, enquanto se foi destruindo a classe média.
Os políticos aumentaram o seu
descrédito face ao aumento da corrupção e às promessas não cumpridas pelos seus
líderes, refletindo-se no aumento da abstenção, sem dúvida a grande vencedora
dos últimos atos eleitorais.
Vivemos assim, uma democracia
imatura apesar dos seus quarenta anos de existência, bem como uma situação
económica financeira de que não há memória.
Face a tudo isto, que festejar no
seu aniversário quando os portugueses já nem sequer têm folgo para soprar às
velas e nem sequer vai haver bolo para repartir uma migalha por cada um?
Não sendo saudosista, nem adepto
do anterior regime, penso pouco ou nada existir relativamente ao espírito de
abril, pelo que talvez seja de refletir sobre a permanência do feriado do
próximo dia 25.
Resta um ramo de cravos murchos
que traduzem o sentimento atual de um povo que deu novos mundos ao mundo, que
venceu Aljubarrota e que implantou a democracia, mas que não soube cuidar dela.
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