Tal como acontece com as pessoas normovisuais, não podemos classificar os cegos numa só categoria. Vários factores contribuem para que sejamos todos diferentes, cada um com a sua fisionomia, a sua personalidade e o seu carácter. A cegueira embora seja igual para todos, tem efeitos muito variados, consoante a mentalidade e formação de cada um. Enquanto alguns conseguem dar a volta por cima, fazendo uma reabilitação que lhes permite uma integração social, outros ficam mergulhados na sua mágoa, sendo incapazes de reagir a tal adversidade. É evidente que o dia-a-dia de cada um deles será extremamente diferente. Será normal, cada um sentir à sua maneira as dificuldades com que são confrontados ao longo da vida. Para estes últimos, tudo é obstáculo estando dependentes de terceiros para a maioria das actividades. Por outro lado, para os que fizeram uma boa reabilitação, tudo é mais fácil, embora encontrem algumas dificuldades no seu dia-a-dia.
Assim, para além das barreiras físicas originadas pela falta de sensibilidade das autarquias e do próprio Estado e pela negligência de parte significativa de cidadãos, com os carros e outros objectos em cima dos passeios, o cego tem de enfrentar uma sociedade ainda pouco preparada para lidar com a diferença. Para muitas pessoas, a cegueira continua a ter uma carga extremamente negativa, daí os invisuais serem vistos e tratados como seres inferiores. Ainda surgem algumas situações em que os deficientes visuais são discriminados, por vezes involuntariamente, outras em que são ajudados, mas de forma incorrecta, dada a inexperiência das pessoas em lidar com estas situações.
Impossibilitados de se dirigirem às outras pessoas, as pessoas cegas têm grandes dificuldades no relacionamento social e em criar novas amizades, pois estão dependente da aproximação dos outros, que muitas vezes as ignoram e desprezam. Esquecem-se que eles têm os restantes sentidos mais apurados e que muitas vezes se apercebem da sua presença.
Estes são alguns dos problemas sentidos pelos deficientes visuais, no seu dia-a-dia que poderiam ser francamente atenuados se houvesse mais respeito e mais sensibilidade para quem se viu privado do sentido dos sentidos, a visão.
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