Mal acolhido pelo Governo e partidos que o sustentam, o discurso do Presidente da República proferido no recente congresso dos economistas, foi sem dúvida mais uma acha para a fogueira do descontentamento em relação à crescente onda de austeridade.
Numa altura em que começa a haver alguma agitação social, com uma greve geral já anunciada, e quando se discute o orçamento de estado para 2012, parece-me inoportuna a intervenção vinda de Belém. Não vou pronunciar-me sobre a falta de acuidade fiscal em relação à suspensão do 13º mês e subsídio de férias para a função pública, pois isso obrigaria-nos a analisar outras situações de desigualdade entre estes e os privados.
Está em causa a desesperada situação das nossas finanças que implicam um tratamento imediato não havendo margem para possíveis instabilidades. Não podemos denegrir a nossa imagem no exterior, nem incentivar a contestação, caso contrário poderemos estar a comprometer o sucesso do tratamento. As palavras do magistrado supremo da Nação, podem ter consequências imprevisíveis quer a nível político quer a nível social. O que será discutido nos encontros semanais entre Belém e S. Bento? Como economista prestigiado, o Presidente da República deveria manifestar a sua opinião em privado com o Primeiro-ministro, apresentando soluções alternativas. Se o fez e não foi ouvido, também não será agora, com o inconveniente de ter sido ouvido por mais de 10 milhões de portugueses, já suficientemente revoltados e preocupados com o presente e o futuro do país.
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