31 outubro 2012

Como os cegos vêem o Mundo


Privados do sentido dos sentidos, os cegos, ao contrário do que alguns pensam, não são alheios ao que se passa no mundo que os rodeia. Pelo contrário, a sua sensibilidade e um maior desenvolvimento dos restantes sentidos, dão-lhes a perceção de pormenores que muitas vezes escapam por completo aos que dispõem de visão.
O ser humano não vê apenas com os olhos, mas também através do tacto, da audição e até mesmo do paladar e do olfato. Sendo a visão um sentido mais abrangente e mais intuitivo, há a tendência de ser super valorizado por aqueles que vêem, em desfavor dos restantes. Porém, estes têm também grande importância podendo mesmo substituir em muitas situações, a própria visão. É possível “ver” que uma peça de roupa está molhada, ou que uma mesa tem pó, utilizando apenas o tacto. Poderemos “ver” que o mar está agitado ou que a água de uma panela está a ferver, apenas através da audição. Ou ainda “ver” o que comemos ou bebemos usando o paladar e o olfato  .
A pessoa cega, não faz mais senão valorizar e explorar ao máximo os sentidos de que dispõe aprendendo a ver as coisas de outra forma.
 Não podendo contemplar com os olhos, as belezas e o colorido que a natureza oferece, os cegos não se distraem com o horizonte visual que os rodeia, concentrando-se e apreciando outros pormenores, por vezes não menos importantes. Apercebem-se com maior facilidade da personalidade e do caráter dos seus interlocutores porque não se prendem com o aspeto físico ou a indumentária dos mesmos. Observam com displicência a forma como ainda são tratados por uma significativa franja da sociedade que por vezes os ignora ou subvaloriza. É frequente ouvirem comentários sobre a sua deficiência, sendo vistos como vítimas do “maior infortúnio”.
Apesar da cegueira ser uma grande contrariedade, a maioria dos cegos aceita-a com naturalidade, não deixando por isso de fazer uma vida normal com momentos de alegria e de tristeza, como acontece com o mais comum dos mortais.
A cegueira não é sinónimo de infelicidade, pois na vida, o que há de mais belo e valioso, os olhos do corpo não podem ver.    

2 comentários:

Anónimo disse...

Muito bom artigo Zé Luís!

Rui, Budapeste

Anónimo disse...

Muito bom falo tudo!