Realizaram-se no passado dia 29 de Setembro mais umas eleições autárquicas. Como sempre, todos os partidos fizeram a sua análise aos resultados que cada força política conseguiu obter. Parece-me que essa análise deveria ser mais profunda, sendo dada prioridade ao resultado da abstenção e aos votos nulos e brancos, sem dúvida os grandes vencedores deste e dos últimos atos eleitorais. Esta realidade é por demais evidente do descontentamento dos portugueses com os partidos e em especial com a classe política. A nossa democracia dá sinais de doença grave, que a não ser tratada, poderá levá-la ao seu desfalecimento após um difícil parto há cerca de 40 anos.
Como podemos observar durante a campanha, os nossos políticos adulteraram estas eleições transformando-as numa 1ª volta das legislativas. Nos grandes centros, sem dúvida onde se decide a composição do parlamento e do governo, os líderes partidários limitaram-se apenas a defender ou a criticar a política da atual equipa governamental, em vez de realçarem as virtudes dos seus candidatos e respetivos programas. Muitos eleitores não votaram nos candidatos mais credíveis, mas sim nos partidos da oposição no sentido de demonstrarem o seu descontentamento em relação à austeridade imposta pela equipa governativa.
Nos concelhos de menor dimensão, os cidadãos cingiram-se na sua maioria, às pessoas que se propuseram representá-los. Porém, nem sempre em plena liberdade, sendo em muitos casos ameaçados ou enganados com falsas promessas, pelos candidatos que se recandidatavam. Perante tudo isto, os resultados obtidos, nem sempre espelham o voto no candidato mais capaz, mas sim um cartão amarelo ao principal partido do governo.
Felizmente, não foi o caso verificado no meu concelho, onde a coligação governamental retirou a autarquia ao maior partido da oposição, o que é extremamente significativo.
Assim, sem surpresas, o PSD foi o grande derrotado em desfavor do partido socialista e da CDU, não só pelo descontentamento dos eleitores em relação ao sufocante apertar do cinto por parte do governo, como pela má escolha de alguns candidatos que em algumas Câmaras tiveram outros sociais democratas como seus adversários.
É urgente os nossos políticos alterarem a forma de fazer política, apreendendo a distinguir e a respeitar o objetivo de cada eleição e a saberem fazer uma crítica construtiva, apresentando sempre alternativas e terem a humildade de aplaudir as medidas acertadas dos seus opositores. Só assim poderão readquirir alguma credibilidade e salvar a nossa democracia.
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