29 outubro 2011

Quem vai ficar nas nossas aldeias?

Um dos grandes problemas do nosso país, é sem dúvida o enorme contraste entre o litoral e o interior. O litoral mais populoso, mais urbano e mais industrial e um interior mais rural, mais desertificado e mais pobre. Esta realidade nunca atenuada pelos nossos governantes, tem provocado o super povoamento das grandes cidades com as dificuldades inerentes no trânsito, na segurança, nos transportes, etc. No interior, com a escassez do sector secundário e o abandono crescente do sector primário, a desertificação tem sido uma constante.
A falta de empregos e as violentas medidas de austeridade, têm feito renascer a emigração.
Com o encerramento maciço das escolas, as crianças foram obrigadas a deslocarem-se para as vilas mais próximas, perdendo-se uma das figuras emblemáticas das nossas aldeias, o professor. A crise de vocações sacerdotais havia já perdido, na maioria dos casos, mais um dos principais pilares dos meios rurais, o Pároco.
Como tudo isto não bastasse, fala-se na extinção da maioria das Juntas de Freguesia. A verificar-se tal medida, será o assassinato das nossas aldeias com o consequente desprezo total de milhares de idosos e o desaparecimento do único sobrevivente de um triunvirato que foi durante muitas décadas o suporte cultural e social de muitas freguesias.
Esperemos que a necessidade férrea de fazer cortes, não vá aniquilar ainda mais aqueles que pela sua pequenez não têm voz e força suficiente para fazer valer os seus direitos.

21 outubro 2011

Cavaco tenta acertar "passos a Coelho"

Mal acolhido pelo Governo e partidos que o sustentam, o discurso do Presidente da República proferido no recente congresso dos economistas, foi sem dúvida mais uma acha para a fogueira do descontentamento em relação à crescente onda de austeridade.
Numa altura em que começa a haver alguma agitação social, com uma greve geral já anunciada, e quando se discute o orçamento de estado para 2012, parece-me inoportuna a intervenção vinda de Belém. Não vou pronunciar-me sobre a falta de acuidade fiscal em relação à suspensão do 13º mês e subsídio de férias para a função pública, pois isso obrigaria-nos a analisar outras situações de desigualdade entre estes e os privados.
Está em causa a desesperada situação das nossas finanças que implicam um tratamento imediato não havendo margem para possíveis instabilidades. Não podemos denegrir a nossa imagem no exterior, nem incentivar a contestação, caso contrário poderemos estar a comprometer o sucesso do tratamento. As palavras do magistrado supremo da Nação, podem ter consequências imprevisíveis quer a nível político quer a nível social. O que será discutido nos encontros semanais entre Belém e S. Bento? Como economista prestigiado, o Presidente da República deveria manifestar a sua opinião em privado com o Primeiro-ministro, apresentando soluções alternativas. Se o fez e não foi ouvido, também não será agora, com o inconveniente de ter sido ouvido por mais de 10 milhões de portugueses, já suficientemente revoltados e preocupados com o presente e o futuro do país.

14 outubro 2011

Mais um Dia Internacional da Bengala Branca

Todos os anos o dia 15 de Outubro é dedicado à problemática da deficiência visual. A Bengala Branca é o símbolo que identifica as pessoas que não dispondo do sentido da visão, têm de recorrer a utensílios que o ajudem na sua mobilidade.
Todos são unânimes em reconhecer que a cegueira é uma enorme contrariedade e a maioria dos normovisuais, mesmo um drama, porém poucos colaboram no sentido de atenuar o peso que tal deficiência acarreta. Apesar de já existirem alguns apoios e benefícios por parte do Estado e de algumas entidades, são ainda insuficientes e muitos não têm aplicação na prática. Falta sensibilidade aos nossos empresários no sentido de darem mais oportunidades a quem, tão bem pode desempenhar algumas funções. O Estado apesar de ser o maior empregador, nem sempre respeita a legislação em vigor. Por outro lado, o cidadão comum ainda tem atitudes demasiado proteccionistas e de alguma compaixão, nada benéficas para a plena integração e bem estar dos deficientes visuais.
É necessário que todos tenham um comportamento normal com as pessoas cegas pois geralmente são cidadãos com todas as capacidades, algumas delas mais desenvolvidas, apenas privados de ver com os olhos. Por isso não ignore o deficiente visual, nem lamente a sua deficiência na sua presença. Aja como estivesse diante de outra pessoa e prontifique-se a ajudar caso lhe pareça necessário.

12 outubro 2011

Dinamarqueses impõem austeridade à nossa selecção

Terminada a fase de grupos relativa ao apuramento para o Europeu a disputar no próximo ano na Polónia e Ucrânia, Portugal, dependendo exclusivamente de si, não conseguiu levar de vencida a sua congénere Dinamarquesa, ficando assim obrigada a disputar um play-off entre os melhores segundos classificados.
Não é inédita esta situação, pois já se verificou noutras ocasiões, nomeadamente no apuramento para o mundial de 2010.
Dispondo dos melhores jogadores do mundo, a nossa selecção obriga-nos a sofrer até ao último segundo, demonstrando uma insegurança e, em alguns jogos, falta de classe, para quem ocupa os primeiros lugares no ranking do futebol mundial.
Somos capazes do óptimo e do péssimo. Sabemos que a magia do desporto rei está essencialmente na incerteza dos resultados, não sendo sempre a melhor equipa a vencer, no entanto as nossas estrelas ficam demasiadas vezes eclipsadas, vendo ofuscado o seu brilho.
Deprimidos pelas medidas de austeridade que nos têm sido impostas, esperávamos da nossa selecção o anti-depressivo ideal para atenuar as nossas preocupações e angústias. Porém, tal não aconteceu mantendo-se a nossa ansiedade e incerteza em relação ao nosso apuramento.
Como penalização pelos fracos resultados alcançados, os nossos jogadores serão também sujeitos a medidas de austeridade, sendo obrigados a disputar mais dois jogos para lutarem por uma presença no próximo europeu.

10 outubro 2011

Madeira continua a ser um Jardim

Apesar de repleta de ”buracos”, e com “rosas” bastante mais murchas, a Madeira continua a ser um Jardim, com Alberto João a manter a maioria absoluta, embora com resultados bem mais modestos do que nos últimos actos eleitorais.
De características peculiares e num estilo muito próprio, sem papas na língua, o presidente do governo regional da Madeira continua a ser o maior “dinossauro” do nosso regime político. Sem estar isento de erros e de alguns comportamentos menos transparentes, Jardim conseguiu fazer da Madeira a segunda região mais desenvolvida de Portugal em contraste com algumas regiões do continente, que também bem esburacadas continuam a ser das mais atrasadas da União Europeia.
Poucas serão as autarquias que não se encontram em situação extremamente difícil e que assistem à sua desertificação em virtude de os seus habitantes não encontrarem na sua terra natal, meios de subsistência. O mesmo se poderia afirmar em relação ao anterior governo Português que nos deixou numa situação económico -financeira verdadeiramente desastrosa.
Não me cabendo defender Alberto João Jardim, também com algumas culpas no cartório, parece-me ter sido mais um excelente aluno do despesismo e da irresponsabilidade, como aconteceu com a maioria dos nossos políticos e da generalidade dos portugueses, que se habituaram desde há muito a viver acima das suas possibilidades.
“Quem estiver inocente, atire a primeira pedra”.

05 outubro 2011

Um exemplo de coragem e simplicidade a seguir!

Tenho, como privilégio, a sorte de ter como minha melhor amiga, um verdadeiro talento de coragem e de capacidades múltiplas, aliados a um misto de bondade e simplicidade, que muito me orgulha e cada vez mais raras de encontrar.
Nascida a 5 de Abril de 1932, na freguesia de Leomil, concelho de Moimenta da Beira, parteira de profissão, a sua vida foi repleta de enriquecedoras experiências que fizeram dela a “Madre Sara” dada a sua disponibilidade e bondade. Aposentada já há alguns anos, começou a perder a visão, dispondo actualmente de pequenos resíduos visuais que apenas lhe permitem ver vultos e cores mais intensas.
Apesar da sua idade já avançada, a “Madre Sara” demonstrou sempre uma jovialidade invejável, nunca se deixando abater pelas contrariedades da vida. Não podendo ver o mundo com os olhos do corpo, passou a vê-lo de uma forma mais profunda, com os olhos da alma.
Vem a propósito deste apontamento, uma cerimónia cheia de simbolismo realizada no passado dia 30 de Setembro, na biblioteca municipal de Moimenta da Beira, com a presença honrosa do Presidente da Edilidade, onde foi apresentado o seu primeiro livro de “pequenas rimas”, como a autora lhe chama, ao mesmo tempo que eram expostos alguns quadros de sua autoria, onde demonstra todo o sentimentalismo e a grandeza como passou a ver e a sentir as coisas.
Ficamos à espera das suas memórias onde todos poderão conhecer melhor o carácter e a personalidade de uma Mulher que não teve medo de nada, mesmo de ficar privada do sentido dos sentidos.

Obrigado “Madre Sara” pela sua dedicação e pelo seu exemplo de coragem.

Nota: A referida obra tem o título “Pinceladas” e a autora é Sara Lourenço.
Estão previstas para breve mais duas apresentações da mesma obra na Delegação da ACAPO de Viseu onde a autora é dirigente e no sindicato dos enfermeiros na cidade do Porto onde é sócia honorária.