27 outubro 2015

Casamento de conveniência adivinha divórcio

Tal como era previsível, Cavaco Silva convidou o líder da força política mais votada para Primeiro Ministro e consequentemente formar Governo.
António Costa, não tendo espelhos em casa nem na sede do partido, classificou inaceitáveis as palavras do atual Presidente da república, anunciando de imediato, não só a rejeição ao próximo orçamento que desconhece, bem como a uma moção de censura a um Governo ainda em gestação. O secretário geral dos socialistas, não olha a meios para atingir um fim, ao querer ser chefe de um executivo, mesmo contra a vontade popular.
Costa considerado um democrata, além de não saber perder, prepara um casamento de conveniência com aqueles que sempre criticou e cujos princípios democráticos pôs em causa.
É de facto inaceitável a sua posição ao rejeitar unir-se aos seus parceiros mais próximos, para fazer alianças com os partidos mais radicais que nada se identificam com um partido de cariz social democrata, isto apenas porque na primeira hipótese seria o nº 2 de um Governo liderado por Passos Coelho, e na segunda hipótese, será provavelmente o Primeiro Ministro.
O que esperar de um casamento de pura conveniência em que apenas estão em causa os interesses pessoais e partidários e nunca os supremos interesses da Nação?
A vir a acontecer este cenário, será certamente um executivo de pouca durabilidade dadas as divergências entre os partidos que o vão sustentar e que apenas irá reforçar a direita.
Costa terá assim, um curto reinado, caso venha a concretizar o seu sonho, para a maioria dos portugueses, um verdadeiro pesadelo.   

21 outubro 2015

Despedida de Cavaco atribulada

Não  foi fácil a tarefa de Cavaco Silva como Presidente da República. A situação económica e financeira e alguns períodos de crise política dificultaram imenso a missão do mais alto representante da Nação. Foi bem mais fácil e relevante o seu desempenho como Primeiro Ministro de Portugal.
Como Presidente nem sempre esteve bem, nomeadamente no seu segundo mandato, em que foi posto à prova perante os permanentes pedidos de demissão do Governo e os ataques que lhe foram feitos, face a algumas intervenções menos felizes.  As últimas eleições já faziam prever decisões complexas devido à dificuldade de poder haver uma maioria absoluta.
Na possibilidade de poder haver um governo minoritário, ou de uma maioria bastante heterogénea com ideologias em alguns pontos contraditória, a sua posição estará, ou não, um pouco facilitada dado estar limitado nos seus poderes, face à proximidade das eleições presidenciais. Contudo, não  vingando um executivo minoritário, Cavaco não poderá optar por eleições antecipadas o que seria provavelmente o seu desejo. Ficará certamente para sempre, com uma espinha atravessada na garganta, caso tenha de empossar um governo com a participação de comunistas e bloquistas.

Será certamente a despedida que Cavaco menos esperaria.      

14 outubro 2015

Já que não temos Salazar, que venha Marcelo para pôr ordem na casa!

Não sendo saudosista, muito menos em relação ao regime político que nos atrofiou e aniquilou durante 48 anos, sinto necessidade de haver alguém a pôr ordem nesta casa, onde não se respeita a democracia, onde predominam os jogos do poder, as chantagens, os interesses pessoais e partidários, o salve-se quem puder, não se olhando a meios para atingir um fim.
O estado da Nação pouco importa e a qualidade de vida dos portugueses muito menos, desde que os tachos políticos estejam cheios. Corte-se em tudo, menos no número de deputados, de diretores gerais, de fundações e organismos que apenas servem para colocar filhos ou afilhados.
O resultado destas políticas, está bem espelhado na percentagem da abstenção, normalmente a grande vencedora dos últimos atos eleitorais. A classe política está cada vez mais desprestigiada, pois não quer ver qual o sentir dos cidadãos, não aceitando a sua vontade expressa nas urnas.
É espantoso que um líder político derrotado expressivamente numas eleições, se prepare para poder ser o Primeiro Ministro numa coligação impossível durante 40 anos, mas que agora parece viável, apenas para sobrevivência de quem sofreu pesada derrota ao concorrer contra uma coligação que simplesmente torturou os portugueses.
Costa prepara-se para dar um biscoito aos famintos comunistas e bloquistas, para governar caso a coligação centro direita não tenha condições para o fazer.

Cavaco, com os seus poderes limitados, terá de esperar pelo Marcelo, seu provável sucessor, para pôr ordem na casa na esperança de dar mais força a uma democracia cada vez mais fragilizada.                

13 outubro 2015

Vencido lidera solução governativa

Depois de um ato eleitoral há muito reivindicado por todos os partidos da oposição, no sentido de derrubar o governo da coligação PSD/CDS, o povo português decidiu, apesar da forte austeridade que o mesmo nos impôs, penalizar o principal partido da oposição e dar uma vitória expressiva aos partidos que tiveram a difícil missão de tomar conta dos destinos da Nação, durante os últimos 4 anos.
Perante os resultados conhecidos na noite do passado dia 4, António Costa, o grande derrotado do ato eleitoral, deveria apresentar de imediato a sua demissão, principalmente pelo que tinha feito ao seu colega António José Seguro após duas vitórias nas autárquicas e europeias.
Não querendo perder o seu protagonismo e cair num vazio político, Costa não foi coerente consigo próprio continuando a ser o líder do partido socialista.
Não havendo uma maioria absoluta dos partidos do centro direita, o grande vencido tem sido a figura em destaque numa futura solução governativa desdobrando-se em contactos com todos os partidos com assento no parlamento, procurando cedências à esquerda e à direita na esperança de conseguir o que não conseguiu nas urnas.
A verificar-se este cenário, teríamos uma vitória na secretaria contra a vontade popular.

Esperemos que a equipa de arbitragem esteja à altura do desafio e atribua a vitória a quem ficou em vantagem no marcador, mesmo sabendo que o adversário irá fazer anti jogo caso não consiga os seus objetivos.       

12 outubro 2015

Selva, finalmente com representante na Assembleia da República

Conhecidos os resultados do ato eleitoral do passado dia 4 de Outubro e dos deputados que irão compor o novo Parlamento, destaca-se mais uma virtualidade nesta eleição ao verificarmos pela primeira vez, a representação dos animais na Assembleia da República. Também aqui imperou o bom senso dos portugueses, ao verificarem a necessidade de ter alguém capaz de ter voz ativa, neste reinado onde impera a lei do mais forte e do salve-se quem puder.
Congratulamo-nos por haver quem se preocupe com aqueles que  nos ajudam e nos fazem companhia, geralmente mais fiéis e dedicados do que o próprio homem e que muitas vezes são abandonados e mal tratados, o que nem sempre acontece nesta selva em que vivemos. Raramente os nossos governantes têm essa preocupação com os mais frágeis e mais desprotegidos. É necessário que  os mais carenciados venham a ter a atenção que merecem, no sentido de diminuirmos o fosso entre pobres e ricos, sem desprezarmos os outros seres vivos que com nós coabitam.
Será que no futuro os nossos animais ainda virão a ter direito ao voto?

07 outubro 2015

Coelho tranquilo em abertura de caça

Depois de ter sido severamente atacado pela quase totalidade dos “animais desta selva”, “coelho” resiste a todas as investidas e sai tranquilo precisamente após a abertura oficial da caça à sua espécie. Os seus principais inimigos fizeram-lhe várias ciladas na esperança que ele abandonasse a “toca” de S. Bento, mas de “portas” bem fechadas conseguiu permanecer “seguro”, mesmo quando alguns foram obrigados a virar “costa”s pensando assim reforçar a linha de combate.
Finalmente, Coelho foi obrigado a enfrentar os seus diretos adversários, mas a intervenção popular não permitiu que fosse atacado mesmo apesar dos “animais mais ferozes” terem aparecido em maior número. O “rei da selva”, apesar de ter saído bastante ferido, não quis abandonar a sua liderança.
Será importante a mensagem de Belém e saber se os seus inimigos estão dispostos a fazer tréguas durante mais 4 anos afim de que o nosso habitat deixe de ser mesmo uma verdadeira “selva”, para pelo menos ser um “jardim zoológico“ bem ordenado onde cada um saiba ocupar o seu espaço.

06 outubro 2015

"Quem com ferros mata, com ferros morre"

Depois de mais um ato eleitoral para escolhermos o novo Parlamento e consequentemente o novo Governo, dois factos me parecem dignos de realce dado o significado de que se revestem.
Começo por realçar o bom senso demonstrado pelos portugueses, que depois de 4 anos de austeridade que afetaram todos os setores da nossa sociedade, com cortes nos vencimentos e pensões e aumentos de impostos, que levaram a greves e manifestações de protesto, exigindo a demissão do atual Governo, apostaram mesmo assim na estabilidade e nos ainda, que ligeiros, sinais de recuperação económica em desfavor do partido com maiores responsabilidades no caos a que o nosso país chegou. A vitória da coligação não foi uma vitória entusiasta, prova disso a inexistência de caravanas quando conhecidos os resultados, mas uma opção pelo mal menor e pela estabilidade política. O PS, além da carga negativa trazida pelo anterior Governo, nomeadamente do seu ex Primeiro Ministro, teve comportamentos e atitudes que muitos não compreenderam e vão continuar a não entender.
Vem aqui a propósito abordar o segundo facto que gostaria de salientar.
Depois de duas vitórias eleitorais, ainda que escassas, para as europeias e autárquicas do maior partido da oposição, António Costa e seus pares, entenderam que o PS não estava a ser bem conduzido, decidindo apunhalar pelas costas António José Seguro, até então, secretário geral, eleito recentemente pelos socialistas. Tal atitude não foi bem aceite por alguns setores partidários, nem entendido por muitos dos portugueses.
Mais incompreensível é a atitude do atual secretário geral do maior partido da oposição, principal derrotado destas eleições, que não teve a humildade e coerência para apresentar a sua demissão. 
Quando um líder que ganha não serve, o que esperar de um que sofreu pesada derrota?
O que esperar de um líder da oposição que já afirmou há algum tempo, que vai votar contra um orçamento que desconhece totalmente?
Como poderemos esperar por uma diminuição da abstenção quando os nossos políticos colocam normalmente os interesses pessoais e partidários acima dos interesses nacionais, quando fazem promessas que não cumprem e quando não são coerentes nas suas atitudes ?
Muito mal vai a nossa democracia quando a abstenção é a grande vencedora dos atos eleitorais.