28 novembro 2007

Do Clássico ao Pimba

Terminada a época de concertos da principal orquestra sinfónica da Federação Portuguesa de Futebol, os portugueses sentem-se um pouco defraudados pela falta de qualidade dos mesmos, comparativamente com épocas anteriores. Foi notória uma enorme desafinação nos seus violinos, trompas e clarinetes, bem como a prestação dos nossos consagrados solistas. Desiludiram-nos essencialmente as actuações realizadas perante o seu público e o desnorte do seu maestro, chegando mesmo a arremessar a sua batuta. Foi mau de mais, para um grupo de tão bons executantes de quem se exigia muito.
Apurada, apesar de tudo, para a grande gala a realizar no próximo verão também no país capital da música, a nossa orquestra terá de afinar instrumentos, ensaiar partituras para que possamos defender os honrosos pergaminhos conquistados em anteriores edições. De outra forma, arriscámo-nos a desiludir o mundo, com mais uma insípida execução de rap, ou de música pimba.

23 novembro 2007

Viver

Quem gostará de viver
Sabendo que vai sofrer
Ao longo da sua vida?
Com lamúrias e desgostos,
Lágrimas pelos seus rostos
À espera da despedida!

Quem gostará de viver
Sem saber o que vai ter,
Lidando com a incerteza?
Poder ficar sempre pobre,
Ou tornar-se muito nobre
Dono de grande riqueza!

Quem gostará de viver
Quando pode acontecer
A maior calamidade?
Que nos pode destruir
E não deixar atingir
Toda a nossa felicidade!

Quem gostará de viver
Sabendo que vai morrer
Quando menos o espera?
Vivendo na ilusão
Do que parece paixão
Não passar de uma quimera!

Quem gostará de viver
Sujeitando-se a correr
Todas estas situações?
Tanta contrariedade,
Limitando a felicidade,
Ao redor dos corações!

Vou tentar dar a resposta
Perguntando se alguém gosta
De viver desta maneira?
Mesmo tendo de sofrer
Todos irão responder
Vale a pena esta canseira.

Caros leitores

Após 39 semanas, nasceu de parto normal a visita nº 1000 deste blog. É sem dúvida motivo de orgulho para os seus progenitores, que nunca pensaram alcançá-la, mas graças à dedicada colaboração dos seus leitores foi possível concebê-la.
O êxito de um blog, não se deve apenas a quem o elabora, mas também a quem o visita e nele participa com os seus comentários. Não me sentiria motivado sem a vossa participação activa. É um privilégio poder transmitir o que me vai na alma, sem estar sujeito à mão pesada da censura, mas muito mais estimulante é sentir o feedback do que escrevo.
Peço a ajuda de todos para que possa continuar a ter inspiração e estímulo para poder dar corpo a este rebento de que todos somos responsáveis.
Obrigado a todos.

31 agosto 2007

Do religioso ao profano

Inseridos num país tradicionalmente católico, apesar da avassaladora onda de seitas que nos ultimos tempos têm penetrado na nossa sociedade, não admira que o nosso povo queira prestar homenagem à Virgem, nos seus mais variados apelidos e àqueles que mereceram a honra de estarem nos nossos altares.
Assim, de norte a sul, as nossas aldeias, vilas e cidades, são revestidas de um maior colorido e de grande animação, ao que não são alheios os nossos emigrantes, não só com a sua preciosa ajuda, mas também, normalmente, com a sua presença. São as "vacances" junto dos seus familiares e amigos!
Pena é, que estas festas, sejam normalmente apenas palco de diversão e montra de vaidades, esquecendo-se o espírito de humildade daqueles cujo nome serve de pretexto para profanar as referidas cermónias.
Vem a propósito recordar o que se passa com muitas das procissões das nossas aldeias, que mais parecem desfiles de puro folclore, em vez de manifestações de fé em honra de quem se devia venerar.
Não é menos frequente, vislumbrarmos chorudas notas no andor do padroeiro, colocadas de preferência aos olhares atentos dos populares.
Cristo, quis dar-nos o exemplo de humildade, nascendo numa simples mangedoura, em vez de procurar palácios sumptuosos. Não é através da posse de muitos bens materiais que alcançamos a verdadeira riqueza, mas sim pela forma simples e humilde como aceitamos o que possuímos.
Saibamos pois, distinguir a diversão da oração, o material do espiritual e a mensaem de Deus dos inimigos do Homem.

07 agosto 2007

Vamos de Férias

Após um ano de rotina em que mecanizámos hábitos e
tarefas funcionando como verdadeiros robots, surge um breve
hiato em que tudo se transforma e em que somos convidados a um
universo de constelações, que nos deixa suspensos num ambiente
de grande tranquilidade e bem estar.
Aí estão os apetecíveis dias soalheiros passados na
praia ou no campo, longe do nosso habitat e do local de
trabalho; aí estão os agradáveis passeios pelo país ou além
fronteiras, em que procuramos descobrir os encantos
paisagísticos e arquitectónicos das mais diversas regiões; aí
estão os pitorescos piqueniques e as animadas festas no
convívio de amigos onde damos largas à nossa alegria e boa
disposição. São momentos de descontração e de lazer que nos
permitem reconquistar forças para mais uma volta a este
difícil circuito de subidas e descidas, de curvas e de rectas,
em que desconhecemos o número total de voltas a percorrer.
Jovens e adultos aguardam ansiosamente por este
interregno para se dirigirem às boxes, a fim de procederem ao
reabastecimento que lhes permita prosseguir em prova.
Os mais pequenos, livres das suas ocupações escolares,
deliciam-se com as suas animadas brincadeiras, de preferência
na piscina ou junto ao mar, tal é o apreço pala água.
A natureza colabora também neste ambiente de
tranquilidade e boa disposição com o astro rei a brilhar desde
o romper da aurora, transmitindo luz e calor até desaparecer no
firmamento para lhe suceder a noite calma e amena, onde
sobressaem as estrelas cintilantes e a maravilhosa sinfonia
campestre, tão bem interpretada pelos grilos e pelos mais
variados répteis e insectos.
São as tão merecidas que nos transcendem e nos dão
mais vigor para um novo ano de trabalho.
Pena é que nem todos possam contemplar este universo
de constelações e respirar um pouco da descontração e
tranquilidade que o mesmo proporciona.

18 junho 2007

Como lidar com uma pessoa cega

Um dos principais problemas das pessoas cegas, é sem dúvida sentirem a forma como são vistas e tratadas por uma considerável faixa da nossa sociedade. Felizmente fizeram-se grandes avanços nos últimos anos, mas ainda há um grande caminho a percorrer para que esta minoria não se sinta descriminada. É verdade que muita dessa descriminação é involuntária, por falta de conhecimentos e por falta de convívio com estas pessoas, daí me parecer de extrema importância deixar algumas dicas sobre o assunto:
Lembre-se que a pessoa cega, por norma, apenas tem a limitação de não ver com os olhos, dispondo de todas as demais capacidades, muitas vezes ainda mais desenvolvidas. Por isso fale com ela e trate-a com naturalidade;
Disponibilize-se a ajudá-la caso a mesma o solicite ou demonstre grandes dificuldades;
Não a agarre pelo braço ou pela bengala, mas disponibilize o seu ante braço caso a queira ajudar a conduzir;
Sempre que se aproxime um degrau ou declive mais acentuado, faça uma breve pausa para que a pessoa cega se aperceba;
Ao aproximar-se do deficiente visual, fale sempre para que este o identifique e o localize melhor;
Não inferiorize nem lastime a pessoa cega, mas sim procure valorizar o seu trabalho e as suas capacidades;
Não evite utilizar o verbo ver quando dialoga com um deficiente visual, pois ele também vê, embora de uma forma diferente;
Quando cruzar com uma pessoa cega das suas relações, cumprimente-a, pois ela não pode tomar essa iniciativa;
Em grupo, sempre que seja possível, evite promover actividades em que o deficiente visual não possa participar;
10º Quando se ausentar diga que o vai fazer, caso contrário o cego pode ficar a falar sozinho;
11º Evite comentários sobre a deficiência, mesmo nas suas costas. Lembre-se que os cegos normalmente têm bom ouvido;
12º No café ou no restaurante ao dirigirem-se para uma mesa, coloque a mão da pessoa cega nas costas da cadeira onde se deve sentar, para que ele se possa orientar melhor.

04 maio 2007

Saudosa Mãe

Quem me dera ter alguém
Para o lugar de Mãe,
P’ra sentir algum amor
Que eu pudesse abraçar
E sobretudo amar,
Com um enorme fervor.

Que saudades desse amor
Que atenuava a dor
Em qualquer ocasião.
Dava-me maior alento,
P’ra encarar o sofrimento
E vencer a solidão.

Era o amor mais perfeito,
Transmitido com respeito
E muita dedicação.
Desinteressado e atento,
Vivia todo o momento,
Com uma grande paixão.

Todos os outros amores
São verdadeiras flores
Bonitos na primavera.
No envelhecer da vida
Dão lugar à despedida,
Não são mais que uma quimera.

Poderemos ter paixões,
Que não passam de ilusões
Ou de bonitas novelas.
Mas no decorrer dos anos
Somos levados a enganos
E a ver suas mazelas.

Penso não haver ninguém
Que não veja o amor de Mãe
Um tesouro inconfundível.
Quando deixa de existir,
Por algum ter de partir,
É uma perda terrível.

Para a minha querida mãe
Que já está no Além
Vai um grito de saudade.
Espero te encontrar,
Para poder alcançar
Novamente a felicidade.

06/05/07 - Dia da Mãe

Mãe Querida

Nos teus braços me criaste
E também me amamentaste.
Foi contigo que nasci
E que mais tarde senti,
Como tu me aconchegaste.

Foi sempre com muito amor,
Que transmitiste o calor
Que me deixou germinar,
Para te poder amar
sempre com grande fervor.

Hoje quero agradecer
Tudo o que pude aprender
Nesta longa caminhada,
Por ti sempre abençoada,
Em que aprendi a viver.

Foste mais do que um farol,
Tão brilhante como o Sol,
Que nunca perdi de vista,
Mesmo que a vida insista
Em pôr todos num só rol.

06/05/07 - Dia da Mãe

01 maio 2007

Onde está a felicidade?

Coloquei recentemente esta pergunta no meu MSN, sendo várias as respostas que obtive.
Todos pensam saber aonde ela se encontra, mas poucos são os que conseguem encontrar o caminho para a alcançar. Pensamos que é algo que não depende de nós, mas sim de factores externos como o dinheiro, a saúde, os amigos, etc.
A felicidade é um estado de espírito que se consegue com pensamentos positivos e agradáveis. Tudo o que somos e sentimos depende do que pensamos. São sem dúvida os pensamentos que comandam a vida.
Claro que nem sempre é fácil vermos as coisas pelo lado positivo, nesta sociedade que valoriza mais o ter do que o ser e em que somos arrastados por um materialismo desenfreado, que nos mostra uma face distorcida do verdadeiro caminho para felicidade. Este, terá obrigatoriamente de passar pelo amor. É na capacidade de nos darmos aos outros e amarmos tudo o que nos rodeia, que encontramos a chave da felicidade.
Resta saber utilizá-la e encontrar a fechadura que nos abra as portas para esse bem estar que todos desejamos.

13 abril 2007

Breve balanço

Não é fácil escrever para uma plateia tão vasta e diversificada como é a Internet. Qualquer cidadão, por mais distante que se encontre, pode aceder ao que escrevemos.
Não me dirijo a nenhum estrato social, nenhuma raça ou ideologia, mas apenas transmito o que penso e sinto. Não estou preocupado em agradar a gregos e a troianos, mas simplesmente, em ser igual a mim próprio.
É da discussão que nasce a luz e do debate de ideias que se formam mentalidades.
É motivante e de salutar, termos feed back do que escrevemos.
Após 4 meses de existência do blog, parece-me francamente positivo o balanço, quer pelos trabalhos produzidos, quer pelas vossas visitas e comentários.
Espero no futuro, poder valorizar ainda mais este espaço cibernauta, especialmente com a colaboração de quantos o visitam. Deixem os vossos pontos de vista, as vossas críticas, desde que sejam construtivas e respeitáveis.
Obrigado a todos pela vossa presença e participação.

30 março 2007

Um país em zig zag

Depois de 48 intermináveis Km's percorridos num sinuoso subterrâneo sob a condução de um dos mais experientes volantes da nossa história, eis que surge uma luz ao fundo do túnel com a promissora e tão desejada revolução dos cravos.
Esperava-se então, um percurso mais rectilínio e uma maior velocidade para recuperar o tempo perdido. Porém, o destino parecia estar traçado, permanecendo o país aos S's, conduzido sucessivamente por: Spínola, Sá Carneiro, Soares, Santana, Sampaio e Sócrates.
Apesar de estilos diferentes na condução dos destinos da Nação, nenhum conseguiu impor o ritmo desejável para nos posicionarmos no pelotão da frente da Europa . O país continua assim, em pleno zig-zag, tendo dificuldade de encontrar o rumo certo.
Para surpresa de muitos, Salazar foi recentemente escolhido num programa televisivo,como o maior português de todos os tempos. Não terá essa escolha a ver com uma certa desilusão pelas espectativas goradas e uma certa nostalgia por tantos S's, sem solução?
Duvido que essa escolha reflita o verdadeiro sentir da maioria dos portugueses, no entanto, não podemos questionar o descontentamento dos mesmos em relação à falta de perícia demonstrada pela actual classe política, o que faz, com que muitos recordem com alguma saudade essa figura mítica da nossa história.

27 março 2007

Do virtual ao real

Graças ao vertiginoso avanço tecnológico verificado nas últimas décadas, o homem é confrontado com transformações constantes no seu dia a dia, tendo por vezes dificuldade em acompanhar o ritmo do progresso. Vemos alteradas as nossas necessidades, os nossos hábitos e os nossos hobbies.
A Internet veio permitir-nos sair do isolamento e da solidão em que tantos de nós vivíamos, para irmos ao encontro do desconhecido, na busca de novos conhecimentos, novas informações e porque não, novas amizades. É fantástico podermos comunicar em tempo real para qualquer parte do mundo, fazendo intercâmbio de ficheiros, de mensagens e de novas experiências.
Passamos a viver numa imensa aldeia global, bem diferente daquelas que conhecemos, em que todos são primos e primas, mas, onde não existem barreiras nem distâncias. Aí cruzamos com pessoas de todas as latitudes e com os mais variados interesses e objectivos. É o mundo virtual que cada um constrói em função das suas simpatias e motivações. Conhecemos pessoas que no dia seguinte simplesmente ignoramos, enquanto outras passam a fazer parte das nossas vidas. Apesar de apenas amigos virtuais, confesso que muitos me conhecem melhor do que alguns com quem convivo diariamente.
É um mundo virtual que pode tornar-se bem real, se as pessoas forem iguais a si próprias, sinceras e transparentes.

14 março 2007

Ser Cego

Ser cego é ter horizontes,
Que são bastante diferentes,
Dos que têm outras gentes,
Que não passaram as pontes.

É fazer da noite o dia,
É viver num mundo à parte,
Talvez parecido com Marte,
Ou com a Lua luzidia.

É sentir muita indiferença,
Por quem passa ao nosso lado,
Longe de estar preparado,
P’ra lidar com a diferença

É sentir muitas barreiras,
Físicas e sociais,
Que embora, já fossem mais,
Ainda dão muitas canseiras.

É sentir na sua mente,
Grande força de vencer,
Para poder convencer,
Quem duvida ou quem desmente.

É ver o mundo diferente,
Certamente com mais calma,
Pois com os olhos da alma,
Tudo é mais transparente.

É não ligar à beleza,
Que brota do exterior,
Porque é no interior,
Que se revela a pureza.

O que existe de mais nobre,
Os olhos não podem ver,
Daí o cego não ser,
Uma pessoa mais pobre.

Mais rico de sentimentos,
Mais rico de emoções,
Que engrandecem corações,
E também os pensamentos.

08 março 2007

Mulher

Este ser bem feminino,
Sensível e delicado,
É por vezes o culpado
Dos amargos do destino.

De coração desmedido
Para amar e desprezar,
Capaz de se apaixonar,
Ou ficar empedernido.

Inconstante no amor,
Esbelta no seu sorriso,
Tanto é o Paraíso
Como é um mar de dor.

Horizonte de incertezas,
Maré de desilusões,
Causa de muitas paixões
De alegrias e tristezas.

É tempestade, é bonança,
É paixão, é dissabor,
É um mito de amor
Onde não falta esperança.

Carinhosa e sensual,
Cheia de boas maneiras,
Que às vezes são mais peneiras
Do que um simples ritual.

8 de Março, Dia Internacional da Mulher

15 fevereiro 2007

Divórcio - um mal menor

Segundo as estatísticas, nos últimos anos tem disparado no nosso país o número de divórcios. Este fenómeno contemporâneo, deve-se às profundas mudanças estruturais verificadas na nossa sociedade. A emancipação da mulher, as crescentes exigências sócio-económicas e o stress a que a vida de hoje nos obriga, são algumas das causas do desmorenamento de muitos lares.
Sendo a família a célula base de toda a sociedade, nunca seria positivo algo que provocasse a sua extinção ou impedisse o seu normal desenvolvimento. Porém, verificadas algumas incompatibilidades e esgotadas as possibilidades de diálogo, parece-nos a rotura a melhor solução. É sempre difícil o desenlace de uma relação, deixando sempre consequências nefastas, principalmente quando da mesma resultaram proveitos mútuos. Contudo, ninguém deve ser obrigado a viver num ambiente hostil, onde não haja harmonia.
Cada vez será mais difícil conciliar uma vida a dois estável, com a liberalização e modernização dos nossos dias. São constantes as intempéries contra a família sendo esta também cada vez mais vulnerável.
O que era ontem considerado estranho e anormal passou a ser vulgar, para não dizer mesmo moda. São as consequências de uma civilização que nem sempre significa progresso. É a realidade dos nossos dias, para a qual temos de encontrar as soluções mais adequadas, sem preconceitos, nem dramatismos.
O divórcio, embora não seja um remédio, é muitas vezes a melhor, ou a única solução para pôr fim a muitas situações de conflito familiar.
A família terá de ser repensada noutra dimensão, menos tradicionalista e ajustada à realidade dos nossos dias.

15 janeiro 2007

"Ver ou não ver" - eis a questão!

É através dos sentidos que o homem tem o privilégio de tomar contacto com o mundo que o rodeia. Daí, a importância dos mesmos nos nossos dias, no desempenho das funções vitais da vida humana.
Considerada por todos o sentido dos sentidos, a visão permite-nos ter uma percepção directa dos objectos, ao mesmo tempo que nos transmite a sua cor, o seu brilho e a sua beleza. Isto não significa que a cegueira seja sinónimo de isolamento ou de distanciamento em relação ao mundo em que vivemos, mas apenas uma limitação no contacto com a natureza e com a sociedade.
Assim, ao contrário do que muitos possam pensar, o cego não é um extraterrestre, alheio a tudo que se passa à sua volta, mas um ser humano que mantém intactas as demais capacidades, sendo mesmo obrigado a reforçá-las a fim de superar, dentro do possível, a sua deficiência.
Impossibilitada de poder contar com este sentido, a pessoa cega recorre normalmente a outros meios e, em especial, aos sentidos do tacto e da audição para conseguir uma reabilitação que lhe permita uma plena integração social.
Vistos como vítimas do infortúnio e desconhecidas as suas capacidades, os cegos representam (para muitos) um pesado fardo para a sociedade, sendo muitas vezes marginalizados e até ignorados em virtude do seu olhar não se cruzar com o olhar compadecido dos demais transeuntes, mas perder-se no egoísmo dominante do mundo dos nossos dias.
Tudo seria diferente se olhássemos de outra forma para quantos vivem à nossa volta procurando ser mais solidários com aqueles que necessitam de uma ajuda, de um gesto de carinho ou de uma palavra de estímulo para continuarem a vencer as adversidades da vida.
Se assim fizermos, estaremos certamente a construir uma sociedade mais justa, mais humana e mais fraterna.

07 janeiro 2007

REFERENDO - aborto ou gravidez de alto risco

Depois de dois verdadeiros abortos que foram os primeiros referendos realizados durante a ainda jovem democracia portuguesa, prepara-se o país para levar ao fim mais uma gravidez de alto risco tendo por objectivo a concepção de nova legislação sobre um tema substancialmente complexo e controverso. Trata-se de uma inseminação artificial indesejada por muitos e que requer todos os cuidados, nomeadamente a marcação de uma cesariana para o próximo dia 11 de Fevereiro.
Apesar do reconhecido envelhecimento da população e da necessidade de aumentarmos a taxa de natalidade, parece-nos arriscada e delicada tal concepção para uma democracia que, apesar de já adulta, revela ainda falta de maturidade a vários níveis para dar à luz tão importante projecto. Os portugueses já demonstraram que não estão preparados, nem motivados para se pronunciarem sobre questões que para além de demasiado complexas, nunca constituíram uma prioridade das suas preocupações.
Será necessária mais uma vitória maciça da abstenção para os nossos políticos tomarem consciência da realidade? Não teremos assuntos mais relevantes para dar a nossa atenção e gastarmos os poucos recursos que temos?
Já que não temos capacidade de concepção, porque não optamos pela adopção? Pela adopção de medidas que se traduzam na melhoria da qualidade de vida dos portugueses.

02 janeiro 2007

LONGA - uma aldeia bem portuguesa

Talvez possa ser suspeito
Ao escrever sobre esta aldeia
Que sempre trouxe no peito,
Apesar de terra alheia.

Vim p'ra cá de pequenino
Era tudo bem diferente...
Era tudo mais velhinho
E morava cá mais gente.

Veio então a emigração,
Tudo se põe a mexer,
Reduz-se a população,
Mas vê-se a aldeia crescer.

Surgem lindas moradias,
Do Cunho até ao Jardim,
P'ra passarem alguns dias
E talvez... mesmo o seu fim.

Situada numa encosta
Voltada p'ra S. Cosmado,
Longa a todos nos mostra
Que foi grande no passado.

A sua igreja matriz,
Cheia de arte e beleza,
Certamente que nos diz,
Que foi obra da nobreza.

Espalhadas pelos campos
Temos algumas capelas,
P'ra venerarmos os Santos,
Cujas vidas foram belas.

S. Miguel e Sto. António,
Os mais queridos, talvez...
Um por afastar o demónio,
Outro por ser português.

Mas a maior devoção
Vai para a Virgem Maria,
Que por alturas do Verão
Tem a sua romaria.