06 outubro 2015

"Quem com ferros mata, com ferros morre"

Depois de mais um ato eleitoral para escolhermos o novo Parlamento e consequentemente o novo Governo, dois factos me parecem dignos de realce dado o significado de que se revestem.
Começo por realçar o bom senso demonstrado pelos portugueses, que depois de 4 anos de austeridade que afetaram todos os setores da nossa sociedade, com cortes nos vencimentos e pensões e aumentos de impostos, que levaram a greves e manifestações de protesto, exigindo a demissão do atual Governo, apostaram mesmo assim na estabilidade e nos ainda, que ligeiros, sinais de recuperação económica em desfavor do partido com maiores responsabilidades no caos a que o nosso país chegou. A vitória da coligação não foi uma vitória entusiasta, prova disso a inexistência de caravanas quando conhecidos os resultados, mas uma opção pelo mal menor e pela estabilidade política. O PS, além da carga negativa trazida pelo anterior Governo, nomeadamente do seu ex Primeiro Ministro, teve comportamentos e atitudes que muitos não compreenderam e vão continuar a não entender.
Vem aqui a propósito abordar o segundo facto que gostaria de salientar.
Depois de duas vitórias eleitorais, ainda que escassas, para as europeias e autárquicas do maior partido da oposição, António Costa e seus pares, entenderam que o PS não estava a ser bem conduzido, decidindo apunhalar pelas costas António José Seguro, até então, secretário geral, eleito recentemente pelos socialistas. Tal atitude não foi bem aceite por alguns setores partidários, nem entendido por muitos dos portugueses.
Mais incompreensível é a atitude do atual secretário geral do maior partido da oposição, principal derrotado destas eleições, que não teve a humildade e coerência para apresentar a sua demissão. 
Quando um líder que ganha não serve, o que esperar de um que sofreu pesada derrota?
O que esperar de um líder da oposição que já afirmou há algum tempo, que vai votar contra um orçamento que desconhece totalmente?
Como poderemos esperar por uma diminuição da abstenção quando os nossos políticos colocam normalmente os interesses pessoais e partidários acima dos interesses nacionais, quando fazem promessas que não cumprem e quando não são coerentes nas suas atitudes ?
Muito mal vai a nossa democracia quando a abstenção é a grande vencedora dos atos eleitorais.
      

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